O fim de 2024 está a aproximar-se e, com ele, surgem também as tradições de quem pretende entrar com o pé direito no novo ano. Uma das mais conhecidas é comer as 12 passas no soar das 12 badaladas, mas quem gosta de desporto prefere, muitas vezes, terminar o ano de outra forma.
Para os adeptos de atletismo, surgem as Corridas de São Silvestre, com 10 quilómetros e que, tradicionalmente, acontecem a 31 de Dezembro.
No entanto, a adesão já é tanta, que estas provas arrancam logo em Novembro e decorrem até Janeiro, de Norte a Sul do País. E, se uma corrida é boa para acabar o ano, imagine-se duas ou três.
Rui Monteiro, de 58 anos, é um entusiasta deste tipo de corridas e há anos em que tenta fazer várias, com deslocações a Lisboa ou Coimbra para participar nas suas provas preferidas. Há cerca de 10 anos que corre e, para este atleta, é difícil contar todas as São Silvestre onde já esteve. “Já fiz muitas, mas não costumo contar. Vou por ser a corrida de fim de ano, mais para a brincadeira”, comenta.
Este ano, por ter menos disponibilidade, só fará a prova na Batalha, por fazer questão de manter a tradição.
A envolvência entre atletas e público e a “brincadeira” associada cativam este leiriense, que durante o resto do ano faz trails, maratonas e meias maratonas.
Hugo Feliciano também já aderiu às provas de São Silvestre. Sempre praticou desporto e agora, como veterano, aos 45 anos, olha para a corrida como uma forma de se manter activo. Já está inscrito na São Silvestre da Batalha, a 14 de Dezembro, e afirma que estas competições envolvem uma mística diferente. “É uma corrida de fim de ano, que se realiza já em época festiva, numa hora diferente do habitual e com muita gente a apoiar”, explicou o também vogal da direcção da Juventude Vidigalense, ao vincar este forte apoio vindo do lado de fora das grades, que contribui para toda a mística da corrida.
Apesar de percorrer as São Silvestre da região, Hugo Feliciano lamenta que o concelho de Leiria ainda não tenha apostado nesta tradição de fim de ano.
Maria de Lourdes Pereira é um exemplo de superação. Aos 68 anos, está decidida a abrandar o ritmo e completar apenas corridas de 10 quilómetros, mas a ‘febre’ pela corrida ainda fala mais alto e espera fazer mais uma meia-maratona.
Começou a correr quando tinha 56 anos e, antes disso, nunca se tinha dedicado a qualquer desporto. A morte de um familiar levou-a a uma depressão e o escape foi, nessa altura, caminhadas e corridas pelo concelho da Batalha. Agora, sobe a pódios por todo o País e nunca falta a uma São Silvestre do concelho onde reside, onde até já foi madrinha.
“Gosto de todas [as provas]. Adoro correr, não sei porquê. Tenho pena de já ter a idade que tenho e de ter começado a abrandar um bocadinho”, comenta a atleta do Atlético Clube da Batalha.
Tem a presença garantida no Grande Prémio de Atletismo A-do-Barbas, a 8 de Dezembro, e, no fim-de-semana seguinte, cumpre a tradição de regressar à corrida da terra onde reside há mais de 30 anos. Enquanto puder, vai dedicar- -se às provas de 10 quilómetros, mesmo durante todo o ano.
Duas São Silvestre na região
Pela região, ainda só existem duas Corridas de São Silvestre. A primeira é já este sábado, promovida pelo CCR Alqueidão da Serra, em Porto de Mós, que já vai na sua 7.ª edição.
No concelho vizinho, a Corrida de São Silvestre na Batalha, organizada pelo Atlético Clube da Batalha, já bateu o recorde de inscrições. Esperam-se cerca de 1.200 pessoas a percorrer as ruas da vila, a 14 de Dezembro, nesta que será já a 11.ª edição.