Este ano, será o consolidar do projecto, que pretende chegar às freguesias na próxima edição, unificando a cidade e as localidades que a circundam.
Intervenções artísticas em fachadas de média a grande dimensão por artistas de renome nacional e internacional nas linguagens artísticas ligadas à arte pública urbana e um congresso, marcam a segunda edição do Paredes com História-Arte Pública, que arranca no dia 8 e se prolonga até 7 de Outubro, e tem o apoio do JORNAL DE LEIRIA.
Com a consolidação do projecto, a organização acredita estarem criadas as condições para que Leiria possa ter um roteiro de arte urbana e atraia turistas para este nicho de mercado. “Leiria vai ficar com um conjunto de obras de artistas muito interessantes”, o que pode impulsionar o “turismo cultural na área da arte urbana” nesta região, afirma Ricardo Romero, organizador do evento e um dos artistas participantes.
Para o organizador, o conjunto de intervenções criou “um nicho que se pode abrir e dar resposta a um mercado que existe”. “Se for explorado, tem um potencial enorme. Acredito que Leiria tem potencial para isso. Vamos ficar com 12 intervenções muito fortes”, reforça.
Este roteiro irá “trazer mais público”. Além disso, poderá ainda ser criado um “diálogo entre o que foi feito e outras vertentes artísticas, como associar a música às intervenções”.
Depois da primeira edição ter deixado Leiria mais colorida pela mão de artistas como Bordalo II, PichiAvo ou Lonac, a organização programou mais seis intervenções, que este ano estarão centradas, sobretudo, na zona do Jardim de Santo Agostinho, e que inclui a parede de exercícios dos Bombeiros Municipais e do Hotel Leiria Classic, em frente ao Mercado Sant’ Ana.
10 Set a 17 Set
ZOER
Natural da Sicilia, em criança desconstruía objectos, queimava-os, amachucava-os, achava-lhes novas formas. Observador daquilo que o atraía, formou o seu próprio conceito: o Zoerismo. Formado em DesignIndustrial, aprendeu a usar as cores e a pintura com Michel Raby. É com uma abordagem não convencional que Zoer utiliza as suas capacidades, criando um dos estilos mais originais e progressivos da actualidade. Letras desconstruídas, carros e imagens lutam por um lugar nas suas composições. Não esgota a sua arte a apenas uma técnica.
Clique e veja onde: Via Polis Leiria
17 Set a 21 Set
ROBÔ
O seu interesse pelas práticas artísticas urbanas, deu lugar ao cruzamento de várias linguagens, passando pela sua formação académica em escultura e audiovisuais, que lhe permitem problematizar acerca de temas que ressaltam no panorama da cultura actual. A diversidade de projectos e exposições em que participa, permite-lhe explorar os limites da sua prática, da expressão visual e reflectir sobre as proporções que a mesma pode adquirir. Desde 2014, é incluído em publicações, como Street art Lisbon, Street art Portugal e Lisboa graphics.
Clique e veja onde: Bombeiros Municipais de Leiria
19 Set a 28 Set
BEZT
Este polaco frequentou a Academia de Belas Artes e é especializado em frescos e tem criado muitas obras em locais públicos – geralmente as fachadas de edifícios escuros e cinzentos são as telas que elege. O seu traço único e as cores fortes que escolhe tornam-no num artista pitoresco. Segue temas florais, folclóricos, usa a imagem feminina e animal e cria, assim, com metáforas o simbolismo que pretende imprimir na sua arte. Há quem diga que são de outro mundo, as suas obras fantásticas, míticas e sonhadoras.
Clique e veja onde: Rua de Tomar
24 Set a 30 Set
RICARDO ROMERO | PROJECTO MATILHA
Curioso e persistente por natureza, autodidacta por resiliência, foi um dos pioneiros exploradores da técnica do stencil e do recurso a vetores nograffitiem Portugal. Desde cedo adotou uma postura educacional e pedagógica, utilizando o graffiti como instrumento facilitador no relacionamento com jovens e crianças. É director artístico do UIVO – ecos de arte com animais e gente dentro, iniciativa da qual é cofundador, e do PROJECTO MATILHA, que pretende consciencializar as sociedades para questões relacionadas, essencialmente, com os direitos humanos e dos animais.
Clique e veja onde: Antiga EDP – Via Polis Leiria
02 de Out a 07 Out
JANA & JS
Jana é austríaca e JS francês. São street artistse começaram a pintar juntos em 2006. São conhecidos pelos seus murais criados com stencile baseiam-se, sobretudo, nos seus trabalhos fotográficos para os conceber. Inspiram-se nas cidades e nas pessoas que nelas vivem. No seu trabalho, pincelado pelos lugares por onde passam, decifram o impacto do Homem nas cidades modernas. Do stencilfazem arte, em betão a eternizam. Transformam as pessoas em arte e relacionam-se com elas de maneira única, captando as suas emoções, desejos e preocupações com o meio que as envolve.
Clique e veja onde: Hotel Leiria Classic
04 Out a 07 Out
CATARINA GLAM
Trata-se de uma artista urbana portuguesa cujo trabalho começou no início do ano 2000, quando a sua paixão pelas cores e formas tomou conta da sua vida e se dedicou ao graffiti e à pintura de murais. A partir desse momento, estavam criadas todas as condições para que o seu trabalho se desenvolvesse noutras plataformas e suportes. A transição do graffitipara trabalhos multi- -dimensionais em papel e madeira foi inevitável. Já desenvolveu peças de design e personagens para várias marcas, diversas exposições de arte e festivais internacionais.
Clique e veja onde: Centro de Interpretação Ambiental
EXPOSIÇÃO 14 Set a 07 Out
WASTED RITA
É uma artista e ilustradora portuguesa que tem vindo a acumular uma enorme legião de seguidores desde que começou o seu blogue Rita Bored em 2011. A assumida “agente provocadora nata” gosta de pensar, escrever, desenhar e dar vida a pequenas joias de sabedoria sarcástica, reflectindo uma educação não convencional num colégio católico ao som de Black Flag. Plenas de angústia existencial, as suas invectivas poéticas sobre a vida e comportamento humano têm aparecido em revistas, livros, exposições e comissões artísticas num crescente número de países.
Clique e veja onde: Livraria Arquivo
CONGRESSO 02 Out a 04 Out
ARTE URBANA NO PLURAL ESECS-IPL
Clique e veja onde: Auditório
Uma das intervenções, junto ao Percurso Polis, será o retrato da “história da pastorinha com a cabrita”, através da representação de uma menina com um gato aos ombros. “É uma pastorinha contemporânea. São os miúdos que hoje em dia vivem em ambiente urbano e que têm empatia com os animais.”
O polaco Bezt, o italiano Zoer, a dupla Jane & JS e os portugueses Catarina Glam, Ricardo Romero e Robô vão pintar paredes, que contam uma história e que vão contribuir para transformar Leiria numa “galeria de arte urbana a céu aberto”.
"A Catarina Glam é uma artista que trabalha as questões da reciclagem”, salienta Ricardo Romero, lembrando que as preocupações ambientais permanecem no Paredes com História – Arte Pública. No ano passado foi feito o “convite a Bordalo II” e, este ano, existe a colaboração com o Centro de Interpretação Ambiental.
Aliás, o Paredes com história assume-se como um "ecoevento", através de acordo de cooperação com a Valorlis, garantindo a redução do impacto ambiental e promoção da gestão adequada dos resíduos, resultantes das diversas fases do evento, através da adopção de medidas, tais como implementar acções de sensibilização ambiental junto de todos participantes, optar por uma estratégia de comunicação que segue o princípio da desmaterialização, privilegiando o marketing digital, optimizar os recursos materiais utilizados, considerando o seu potencial de reutilização e/ou reciclagem ou colocar mini ecopontos nos locais das intervenções artísticas.
Do programa previsto faz parte ainda uma exposição de Wasted Rita, uma artista e ilustradora portuguesa, que estará patente entre 14 de Setembro e 7 de Outubro, na Arquivo Livraria, em [LER_MAIS] Leiria. De 2 a 4 de Outubro realiza-se o congresso Arte urbana no plural, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, que contará com a presença de pesquisadores e investigadores de diferentes áreas académicas.
Este encontro assume-se como uma oportunidade para uma difusão do conhecimento sobre o fenómeno da arte junto da comunidade, bem como para uma reflexão sobre a função e importância da arte nas esferas da educação e inclusão social, esclarece Ricardo Romero.
Arte urbana nas freguesias
O evento, este ano, já vai alargar um pouco as intervenções além do centro histórico, tendo como horizonte futuro “passar pelas freguesias”. “Se houver uma nova edição do Arte Pública, e à partida tudo aponta nesse sentido, a maioria das intervenções poderão ser realizadas nas freguesias do concelho.
Poderemos criar um roteiro em termos culturais que una todas estas freguesias através da arte urbana.” Para o organizador é fundamental dar tempo aos artistas para que “possam sentir” e “desfrutar um bocadinho de Leiria”. Só assim, entende Ricardo Romero, poderão “envolver-se com o espaço” e “sentir-se à vontade para contar um bocadinho daquilo que é a visão e a história deles em relação à cidade”.
“O Paredes com histórias abre um leque muito variado de interpretações daquilo que é o conceito inicial. Este ano vamos manter mais ou menos a mesma linha. Ou seja, há um diálogo com os artistas, mas existe uma total liberdade”, salientou também Ricardo Romero.
Organizado pela associação Riscas Vadias, em parceria com a Câmara Municipal de Leiria, e com a curadoria de Ricardo Romero | Projecto Matilha, entre outros parceiros, desde a origem deste evento que a preocupação “sempre residiu em permitir aos artistas vir a Leiria com tempo, para poderem estar e sentir Leiria”.
“A residência artística é algo que nos interessa. O artista pode chegar a Leiria e tem tempo de desfrutar um bocadinho daquilo que é a cidade e o distrito. Claro que há artistas que preferem trazer um esboço, mas há outros que gostam de sentir o espaço e verem a área envolvente, mesmo que tragam uma ideia do que pretendem fazer”, adianta Romero, considerando que este contacto irá permitir aos artistas “contar um bocadinho daquilo que é a sua visão e a história em relação à cidade”.
O organizador exemplifica com uma das intervenções do ano passado, quando Bordalo II retratou a “garça que existe no Rio Lis e está implicitamente ligada à cidade” ou a Princesa Zarah, a pintura de Smile que retrata a lenda local homónima.
Já a obra de Lonac, junto à variante dos Capuchos, “faz a representação contemporânea daquilo que para ele é a juventude e que são os vícios que carregamos enquanto seres humanos”.
O organizador afirma que procura “criar um evento de arte urbana, que se perpetue ao longo dos anos”. “Muito tem sido feito ao nível da arte urbana em Portugal, mas há o perigo da massificação e banalização e das pessoas começarem a ver esta arte como um elemento puramente decorativo. No Paredes com História procuramos combater um bocadinho essa ideia. Estamos a aproveitar esta aceitação da arte pública para perpetuar a arte, daí o cuidado na escolha dos artistas, pois queremos uma coisa que seja absorvida de forma natural no meio envolvente”, explica.