Antigo director do Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRsp) do Politécnico de Leiria, Paulo Bártolo lidera actualmente o Singapore Centre for 3D Printing, considerado o melhor centro de fabricação aditiva da região Ásia-Pacífico e o sétimo mais bem classificado do mundo. Antes, dirigiu o Centro de Biofabricação da Universidade de Manchester, em Inglaterra.
O desafio para se mudar para Singapura surgiu em 2021 e partiu de um convite da Nanyang Technological University (NTU). “A possibilidade de liderar um dos maiores centros mundiais no domínio da fabricação aditiva e de contribuir para o seu desenvolvimento constituíram um desafio que não podia deixar de abraçar”, conta o investigador, assumindo que o posicionamento da NTU como universidade de topo nos rankings mundiais também ajudou à decisão.
Com 126 investigadores, entre alunos de doutoramento e de pós- -doutoramento e académicos (48) vindos de quatro escolas da NTU, o Singapore Centre for 3D Printing (SC3DP) é financiado pela National Research Foundation de Singapura (o equivalente em Portugal à Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e conta com o apoio da indústria e do Economic Development Board (EDB), organismo do Ministério do Comércio e Indústria de Singapura “responsável pelo planeamento e execução de estratégias para a manutenção” do país como um importante centro global de negócios e investimentos.
Paulo Bártolo explica que o SC3DP está organizado “em torno de sete pilares ou áreas de investigação”: sectores aeroespacial e defesa; electrónica e energia; naval e offshore; construção; biomedicina e alimentar; e fabricação inteligente e design para a fabricação aditiva.
“As nossas actividades compreendem investigação (aplicada e fundamental) com forte ligação a um grande número de empresas nacionais e internacionais”, salienta Paulo Bártolo, dando como exemplo as parcerias do centro com a Panasonic, ST Engineering, Johnson & Johnson, Samsung, Emerson ou a Arburg, entre outras.
O director-executivo do SC3DP destaca ainda o facto de o centro trabalhar em “toda a cadeia de valor da fabricação aditiva”, desde o design para a fabricação aditiva, passando pelo desenvolvimento de novos materiais e de sistemas de produção, à inspecção e validação de processos/produtos/serviços e à integração de ambientes físicos e virtuais até à monitorização em tempo real de processos mediante a combinação da fabricação com outras tecnologias digitais (inteligência artificial, internet das coisas, virtualização, etc.).
“Produtos desenvolvidos no centro estão em várias partes do mundo e também na Estação Espacial Internacional como parte da iniciativa Moon Gallery, destaca o investigador, que, além da liderança do SC3DP, é director do Hub da National Additive Manufacturing Innovation Cluster (NAMIC), responsável pelo desenvolvimento e implementação industrial da fabricação aditiva em Singapura e que corresponde “a um dos maiores programas mundiais de financiamento neste domínio”.
Paulo Bártolo é ainda docente na Escola de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da NTU , professor honorário da Xi’an Jiaotong-Liverpool (China) e colaborador do Grupo de Produção do Instituto Tecnológico de Monterrey (México).
Mantém ainda uma “estreita” ligação com a Universidade de Manchester no Reino Unido, onde dirigiu o centro de bio-fabricação da instituição, e com colegas da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria, onde iniciou carreira. Doutorado em Física de Polímeros pela University of Reading (Reino Unido).