Treinador, professor, vereador e desportista. Paulo Gonçalves esteve oito anos no Instituto Português da Juventude (actual Instituto do Desporto e da Juventude). Foi delegado regional em Leiria e vice-presidente em Lisboa.
“Estava com os programas de actividades da juventude, como o voluntariado, campos de férias ou ocupação de tempos livres.”
A ligação ao IPJ deu-lhe um “conhecimento do distrito” que não tinha. Finda a passagem por esta entidade, que deixou de ter delegado regional, Paulo Gonçalves regressou à escola, para cumprir a sua actividade de sempre: professor de Educação Física.
Desde os tempos do liceu Rodrigues Lobo, em Leiria, o bichinho da participação cívica nunca o largou e a ligação à política acabou por surgir quase naturalmente.
Depois de ter sido chefe de divisão da Acção Social, Educação e Desporto na Câmara da Marinha Grande, foi chefe de gabinete no primeiro mandato do presidente Álvaro Pereira. A vida levou-o até Óbidos, onde lecciona na Escola Secundária Josefa de Óbidos.
“Coordeno os cursos profissionais e criei um clube de badminton, tal como já tinha feito em Leiria. Fui jogador e treinador de andebol muitos anos e o desporto sempre esteve na minha vida. Aqui, consegui dinamizar um grupo de jovens e fazer a ponte entre a formação desportiva e o desporto escolar. É mais fácil num concelho pequeno como Óbidos.”
Além de treinar os jovens no badminton, também é praticante e ainda dá uma ‘perninha’ na Câmara de Óbidos, onde foi eleito vereador (da oposição) pelo PS.
“Estar na função pública, seja onde for, é preocupar-me com um projecto comum, é proporcionar maior qualidade de vida às pessoas. Temos meios finitos, mas podemos fazer algo que contribua para a sociedade. A democracia autárquica é mais próxima e todos os dias somos confrontados na rua com os cidadãos”, afirma.
Paulo Gonçalves sublinha que numa terra mais pequena é “impossível tirar a ‘farda’ de professor, treinador ou vereador’. É uma exigência, mas é engraçado e aproxima-nos mais das pessoas.”
Na escola tem alcançado algumas conquistas e já mudou um pouco algumas mentalidades. “Quando cheguei as pessoas não ligavam muito às qualificações e à progressão dos estudos, até porque nunca foi necessário para arranjar emprego, [LER_MAIS] sobretudo no turismo. Queriam ter 18 anos para deixar a escola”, revela.
“Já conseguimos pôr na cabeça dos pais que as qualificações são importantes até para o desenvolvimento dos jovens enquanto cidadãos. Com os cursos profissionais, mais práticos, podem ter uma melhor preparação para a vida activa. Hoje já temos mais jovens a concluir o ensino secundário, embora ainda haja poucos que seguem o ensino superior”, constata.
Sendo coordenador dos cursos profissionais, Paulo Gonçalves sente orgulho nesta conquista. O próximo desafio é evitar a fuga de alunos para as Caldas da Rainha. “Há uma voracidade dos jovens em irem para as Caldas da Rainha, uma cidade maior, onde há centro comercial. Os que vão já não voltam e Óbidos precisa de gente.”
Entre os jovens e a política, Paulo Gonçalves tem uma certeza: não quer ser presidente de câmara. “Admito que o meu nome já foi falado, mas não me revejo nessa função. Prefiro um trabalho de backoffice.
Com 53 anos já dei muito contributo e não quero trabalhar 12 horas por dia. Iria retirar-me tempo à família e para ser treinador e professor. Mas, quero continuar a ajudar os outros”, frisa.
Apesar de hoje estar mais ligado a Óbidos, Paulo Gonçalves não deixa de continuar preocupado com o que se passa no distrito e lamenta que a região esteja partida em várias partes.
“A educação e a saúde, por exemplo, estão divididas entre Lisboa e Vale do Tejo e o Centro e existem as comunidades intermunicipais de Leiria e do Oeste. Saímos enfraquecidos com esta divisão. O Oeste não é nem de Lisboa nem de Leiria e assim é difícil canalizar investimento para este território.”