É natural de Santo Tirso, mas foi no distrito de Leiria que fez história na arbitragem. Pedro Martins garantiu as insígnias da FIFA como árbitro assistente internacional, sendo o primeiro árbitro da Associação de Futebol de Leiria a alcançar o feito.
Residente em Usseira, Óbidos, Pedro Martins, 38 anos, integrará a lista da FIFA no quadro de Árbitros Assistentes Internacionais em 2022. O primeiro jogo realizado fez questão que fosse no distrito que adoptou como sua casa. Foi na partida entre as equipas do ARECO/Coto e do UD Turquel do Campeonato de Juniores, nas Caldas da Rainha, que o árbitro assistente utilizou pela primeira vez, em solo nacional, a insígnia FIFA.
“No dia em que soube, disse ao presidente do conselho de arbitragem de Leiria que gostava que o meu primeiro jogo em Portugal com as insígnias da FIFA fosse no distrito de Leiria”, revela ao JORNAL DE LEIRIA. E assim foi. “Era como um agradecimento à minha associação, que me deu os meios para poder evoluir e atingir outros patamares, e uma forma de dizer que, apesar de fazer jogos mediáticos, devo o meu caminho a esta associação.”
[LER_MAIS]Pedro Martins, que na terça-feira integrou a equipa de arbitragem liderada pelo leiriense Fábio Veríssimo, que apitou o Benfica-Boavista da Final Four da Taça da Liga, ganhou o gosto pela arbitragem quando ainda jogava futebol nas camadas jovens. Sempre que era necessário um árbitro, Pedro era chamado. “Tentei tirar o curso no Porto, mas não chegou a ser concluído.”
Foi em Leiria que garantiu o diploma de árbitro, em 2007. Depois de seguir o percurso normal da arbitragem, começando com jogos nas camadas jovens, distritais e futebol não profissional, a carreira de Pedro Martins deu um salto quando Fábio Veríssimo, que estava como árbitro no futebol profissional o convidou para ser seu assistente nos jogos da 2.ª Liga. “Foi a viragem na minha carreira.”
Desde então assumiu-se como fiscal de linha e chegou à primeira categoria, onde foi o primeiro classificado entre os assistentes na época de 2019/2020. Na época passada classificou-se em décimo lugar. As suas prestações não passaram despercebidas ao conselho de arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol que o indicou à FIFA. “Esta é a minha sexta época na categoria máxima dos árbitros assistentes”, afirma, ao recordar que já realizou jogos internacionais da Liga Europa, de apuramento do Campeonato do Mundo de selecções A e da Champions League.
Pedro Martins confessa que quando subiu à primeira categoria como árbitro assistente o objectivo era “desfrutar ao máximo daquele ano”. Ficando ao mais alto nível da arbitragem e quando alcançou o sétimo lugar na classificação dos assistentes os sonhos aumentaram.
Apitar um jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões é uma das suas grandes metas, mas o árbitro garante que continua a querer “desfrutar” e “melhorar sempre”. “O objectivo principal é amanhã ser melhor do que aquilo que sou hoje. É trabalhar sempre mais. E ser um exemplo para quem está a começar ou para quem pensa tirar o curso de árbitro”, assume.
Na sua carreira confessa que já temeu pela vida e ter medo é normal sobretudo no início da carreira. Concorda que um árbitro tem de ser forte mentalmente, ter auto-estima e confiança. O mais difícil é lidar com o erro, mesmo tendo a consciência tranquila.
“Quando se erra num daqueles lances capitais, os próximos jogos são sempre muito difíceis”, admite. Para melhorar a sua saúde mental faz meditação e tem os seus “rituais próprios” antes dos jogos, que o ajudam a estar focado. Mas nada o faria desistir, pelo que desafia os jovens a experimentarem uma carreira na arbitragem. “É muito interessante até para quem esteja a estudar, que pode ter aqui um part-time que ajuda a pagar as propinas ou a comprar aquela marca de roupa ou aquele telemóvel.” Além disso, a arbitragem permite conhecer locais que “de outra maneira não seria possível”. “Arrisquem, tenham coragem e tirem o curso, porque vale a pena”, aconselha.