O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), António Nunes, considerou esta terça-feira que, no julgamento de Pedrógão Grande, ficou bem patente que foi “o sistema que falhou” e não o comandante dos Bombeiros daquele concelho, Augusto Arnaut.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, foi hoje absolvido de 63 crimes de homicídio e 44 de ofensa à integridade física, 12 dos quais graves, todos por negligência.
No final da leitura do acórdão, em que foram também absolvidos os outros 10 arguidos, António Nunes disse aos jornalistas que o sistema tem protagonistas que todos sabem que existem.
“Ao nível das estruturas, do sistema de protecção e socorro, que na altura já existiam e que hoje existem. E devem pedir desculpa por aquilo que fizeram aos bombeiros de Portugal e, em particular, ao comandante Augusto Arnaut”, acrescentou.
O presidente da LBP sublinhou que “o Tribunal decidiu e verificou que aqueles que estavam no banco dos réus estavam inocentes”.
No entanto, apontou que “provavelmente outros deveriam lá estar e não estavam e que, portanto, não puderam ser condenados”.
No seu entender, no banco dos réus deveriam ter estado “todos aqueles em que, na sentença, foi dito que provavelmente não deram os meios necessários e não reportaram o que era necessário para se poder fazer o combate de outra forma”.
António Nunes destacou também a coragem e resiliência demonstradas pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande ao longo dos últimos cinco anos e a quem a LBP irá atribuir a sua mais alta condecoração.
“É para nós, e estou certo para a maioria, senão para a totalidade dos bombeiros e dirigentes associativos, um herói que fica na história dos bombeiros como exemplo de perseverança e resiliência”, referiu.
A ocasião serviu ainda para anunciar que o conselho executivo da Liga dos Bombeiros Portugueses deliberou convocar um conselho nacional para o dia 24 de setembro.
Este conselho nacional servirá “para apreciar a situação actual e tomar medidas que possam prevenir situações futuras”, bem como “para exigir a instalação de um comando nacional de bombeiros”.