Octávio, de 10 anos, é uma das crianças que, orgulhosamente, apresentam todos os frutos e legumes que têm cultivado na horta de permacultura criada nas instalações da Barafunda, a Associação Juvenil de Cultura e Solidariedade da Benedita.
Aluno no ATL nesta Instituição Particular de Solidariedade Social, Octávio aponta para os agriões, as cebolas e os alhos que ajudou a vingar. Para o menino, conhecer e manusear a terra foi um prazer que descobriu recentemente, depois de chegar do Brasil, onde não tinha quintal.
De penas castanhas, a vaidosa Madalena partilha a capoeira com outra galinha, recém-chegada, para quem as crianças ainda não escolheram o nome, explica Octávio.
E com os ovos destas companheiras, os pequenos já aprenderam a fazer panquecas na cozinha da associação.
Nesta horta, tudo cresce e tudo se transforma num conceito de circularidade, onde não há lugar para químicos, nota o aluno. E Sofia, de 12 anos, que até conhecia o quintal dos avós, tomou gosto [LER_MAIS]pela agricultura nesta horta da Barafunda, onde aprendeu a lidar com a terra em conjunto com os amigos. Foi uma das responsáveis pelas escavações que permitiram criar a adutora da horta, conta a menina.
Isabel Rufino, directora da Barafunda, salienta que a associação, constituída em 1989, tem ATL com 20 crianças, dos 6 aos 12 anos, e tem Centro Qualifica. A horta, “que sensibiliza para a alimentação saudável e amiga do ambiente” é cuidada pelas crianças do ATL com a ajuda dos adultos que frequentam as oficinas de culinária vegetariana.
Entre frutas, legumes e ervas aromáticas, a horta conta com 45 espécies, que as crianças ajudam a confeccionar em sopas, bolos ou compotas, exemplifica.
Recentemente, de visita à Barafunda e já com um gigante pimento verde nas mãos, Carla Coimbra colhia literalmente o que foi semeado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro. A directora da unidade de planeamento e desenvolvimento regional recorda que a CCDR Centro desafiou diferentes entidades a construir a Agenda Regional para a Economia Circular.
A Barafunda foi um dos organismos que se comprometeu num Pacto Institucional para a Valorização da Economia Circular, no seu caso através do projecto da horta de permacultura. Carla Coimbra valoriza esta iniciativa pela “ligação à comunidade escolar, pela partilha de informação, incentivo ao consumo local, e que tem os alunos como embaixadores da economia circular”.
De forma global, o Pacto tem tido sucesso. Na primeira edição, de 2019 a 2022, subscreveram-no 856 entidades. Nesta segunda edição, que decorre desde 2023 até 2025, já 100 entidades se comprometeram com 237 acções de economia circular, contabiliza Carla Coimbra.