Apesar de a rede pública de água estar disponível a 95 a 100% dos alojamentos existentes na região (distrito de Leiria e concelho de Ourém), há quase 66 mil casas que não estão ligadas a esse abastecimento, o que representa 20% do total de fogos.
Ao nível do saneamento, cerca de 70% das habitações já têm acesso ao serviço, mas apenas 57% estão efectivamente ligadas, havendo mais de 39 mil alojamentos que, podendo, não estão integrados no sistema.
Os dados são revelados ao JORNAL DE LEIRIA pela associação ambientalista Zero, a propósito do Dia Mundial da Água, que se assinalou na semana passada, com base num levantamento feito pela organização a nível nacional. Um trabalho que partiu da análise do Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal – 2016, elaborado pela entidade reguladora do sector (ERSAR) com dados de 2015.
Para Carla Graça, vice-presidente da Zero, tal como acontece a nível nacional, um dos dados preocupantes na região prende-se com a “baixa taxa” de adesão aos sistemas, quer de água quer de saneamento, apesar de “a ligação ser obrigatória por lei”, sempre que a rede pública se encontre disponível.
A ambientalista frisa que esta situação ameaça a “sustentabilidade” dos serviços e é “propiciadora de injustiça entre cidadãos que suportam custos acrescidos e outros que nada pagam”.
Na água, o problema levanta também “questões de saúde pública”, uma vez que muitos dos munícipes não estão ligados à rede pública, porque “possuem furos ou poços, em grande parte dos casos ilegais e sem controlo da qualidade da água”, adverte a ambientalista.
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Preocupantes são também os dados relativos à água não facturada, que na região (distrito e concelho de Ourém) representa cerca de 35% do volume total que é captado, tratado e armazenado.
O valor compreende o caudal distribuído gratuitamente e a utilização ilegal, assim como as perdas reais, por rupturas e extravasamentos. Só estas fugas são responsáveis pela perda de 26% do total da água captada.
Castanheira de Pera é o município da região com maior percentagem de água não facturada que, em 2015, representou cerca de 60% do caudal captado e tratado, sendo que mais de metade (53%) são “perdas reais”, ou seja, “fugas e extravasamentos”.
Do lado oposto, ou seja, entre os municípios com menos perdas de água está a Nazaré (13%), seguindo da Batalha (14%) e Alvaiázere (15%). No primeiro caso, o sistema é gerido pelos serviços municipalizados, enquanto na Batalha está concessionado a uma empresa (Águas do Lena). Em Alvaiázere, a gestão encontra-se nas mãos da Câmara.
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