“E bem para dentro delas [pessoas] é que vai o aroma, diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer, amor e ódio. Quem dominasse os odores dominaria o coração das pessoas”, assim escreve e descreve Patrick Süskind o poder que um aroma pode exercer sobre as emoções no bem conhecido romance “O Perfume”.
Esta explicação literária, amplificada para efeitos dramáticos, tem, contudo, uma raiz científica e racional. Os estímulos olfactivos têm o condão de despertar reações químicas no nosso corpo que, por sua vez, dão origem a impulsos nervosos que são transmitidos e descodificados no nosso cérebro acabando por produzir reações físicas e anímicas que moldam a nossa ação e até sentimentos.
Essa é, aliás, a conclusão a que chegaram os investigadores da Universidade de Utrecht, Países Baixos.
De acordo com este estudo, devido à proximidade entre o centro de processamento de cheiros e as regiões cerebrais que controlam a memória e as emoções, o olfacto é o sentido que mais memórias emocionais desperta.
Esta conclusão está em linha com o que vários estudos no ramo das neurociências afirmam: 75% das emoções são despertadas pelos aromas.
Num quotidiano marcado pelo stress do trabalho ou do estudo, os cheiros a que somos expostos tendem a ser os mesmos diariamente, excepto quando entram em cena as verdadeiras ilhas de aroma que são os perfumes.
Quem nunca despertou daquela espécie de entorpecimento que nos acomete quando viajamos no metro ou no comboio a caminho do trabalho e, de súbito, um rasto de perfume inebria os nossos sentidos ao ponto de, por breves segundos, nos sentirmos num local mais aprazível? Por certo muitos.
Segundo os osmólogos, especialistas em aromas, esta capacidade de os perfumes e os seus aromas transformarem a nossa percepção da realidade está bem patente em perfumes que, por exemplo, combinam aromas florais de violeta ou lírio com aromas de frutais.
De acordo com estes especialistas, esta combinação está associada à sensação de conforto e bem-estar.
Por sua vez, a mistura de rosa com aromas de madeira oud (a mais cara e rara do mundo), acaba por despertar os nossos sentidos para a sensualidade, enquanto a combinação de aromas mais cítricos com notas de pimenta é capaz de proporcionar a quem os cheire uma agradável sensação de alegria.
Estes tipos de composições são cada vez mais audazes e complexas aprofundando o impacto que os perfumes têm nas nossas emoções.
Tomemos como exemplo o eau de parfum Carolina Herrera, perfume que mistura amêndoa, jasmim, tuberosa, cumaru e cacau numa orientação aromática oriental e floral e que se encontra à venda na loja online da Notino, especialistas em cosmética e perfumes.
Este perfume abre com notas de amêndoas que captam imediatamente as atenções do nosso olfacto.
Após este primeiro encontro entre os nossos sentidos e os aromas do perfume Carolina Herrera, desenvolvem-se acordes da flor de tuberosa rara que ajudam a conferir uma maior profundidade e caráter à fragrância.
Esta mistura de emoções ganha ainda mais “corpo” com as notas quentes de fava tonka recombinadas com essência de cacau que ajudam a mulher a entrar num mundo de sensualidade.
Esta divisão em fases ou etapas na percepção e formação de emoções devido a um perfume são conhecidas como notas. De forma a escolher o perfume que melhor se adequa à experiência sensorial que pretende percepcionar, tome nota:
• Notas de saída ou de cabeça
Estas são as primeiras notas que alguém sente no momento em que experimenta um perfume. Como têm como objetivo cativar o interesse, estas notas são, por norma, cítricas, refrescantes e acomodam ingredientes bastante suaves que evaporam logo após a secagem na pele.
• Notas de corpo ou de coração
No momento em que as notas de saída evaporam na pele, entram em cena as chamadas notas de corpo ou de coração que, na sua essência, são a alma/identidade do perfume. Normalmente, estas notas representam cerca de 40% da composição do perfume e são constituídas por ingredientes menos voláteis e mais duradouros.
No caso do perfume da Carolina Herrera que demos como exemplo, as notas de corpo são constituídas pelo jasmim e pela tuberosa. Tal como neste perfume, os ingredientes destas notas são, geralmente, constituídos por flores, folhas e especiarias.
• Notas de fundo ou de base
Em terceiro plano surgem as notas de fundo ou de base que, normalmente, são formadas matérias-primas pouco voláteis e, por isso, mais duradouras. Entre os ingredientes mais utilizados para a formação de notas de fundo (correspondem a entre 40%-50% da composição do perfume) encontram-se as resinas de madeira ou de moléculas sintéticas desenvolvidas para substituir as moléculas de origem animal.