Os moradores de um prédio na Avenida Adelino Amaro da Costa, em Leiria, vivem “com o coração nas mãos”. Os receios não são de agora, mas o resultado de duas vistorias técnicas vieram confirmar que o edifício sofre de diversas patologias, agravadas pela instalação de uma piscina ilegal na cobertura de um dos lotes, ameaçando a “segurança de pessoas e bens”.
Num dos relatórios, feito por um engenheiro a pedido dos condóminos, é mesmo referido que, face à “sobrecarga” exercida na laje onde a piscina está aplicada, “corre-se o risco de poder desencadear o mecanismo de punçoamento e provocar o colapso da estrutura”.
Entretanto, a piscina, localizada na cobertura do lote 4 do Condomínio Portas do Sol, foi esvaziada no início desta semana, já depois de o JORNAL DE LEIRIA ter iniciado os contactos para a elaboração do artigo e um mês e meio após a câmara ter notificado a proprietária para o fazer “de imediato”.
A medida deixa os moradores mais tranquilos, mas não afasta totalmente os receios, até porque a estrutura da piscina mantém-se no local e os danos no prédio são “bem visíveis”, com o “esmagamento” de tijolo, infiltrações e quedas de ladrilho e de lajes[LER_MAIS].
Ricardo Vieira, morador no lote 4, conta que os problemas começaram a sentir-se a partir de 2012, após a construção da piscina, com o surgimento de infiltrações nos apartamentos.
Registaram-se também quedas de lajes e de ladrilhos nas paredes exteriores, que “foram substituídas e aparafusadas”, e “queda de reboco e esmagamento de tijolo nas garagens e em alguns apartamentos”.
Situações que, segundo a vistoria técnica solicitada pelos condóminos, resultam de “deformações” ao nível da estrutura do prédio, agravada com a instalação da piscina.
Naquele relatório, é sublinhando que o “projecto de estabilidade” do edifício não contemplou “qualquer sobrecarga adicional para acomodar outros equipamentos ao nível da cobertura”, e que não houve “reforço ao punçoamento no apoio da laje dos pilares na zona onde se encontra a piscina” e respectivo equipamento, pelo que “a segurança estrutural pode estar comprometida”.
Também o relatório da vistoria efectuada por técnicos da Câmara admite que a estrutura pode colocar em causa “a segurança de pessoas e bens”. Foi com base nessa análise que a autarquia notificou a proprietária da piscina para o seu esvaziamento “imediato”, explica a vereadora do Urbanismo, Rita Coutinho, adiantando que a vistoria identificou “diversas patologias” no edifício, tendo sido notificada a administração do condomínio “no sentido de proceder à sua reparação”.
A vereadora frisa, no entanto, que no relatório dos técnicos camarários “não se refere o risco de punçoamento”, mas reconhece-se que “a situação poderá pôr em risco a segurança e a salubridade de pessoas e bens.
De acordo com a autarca, “encontram-se a decorrer os respectivos procedimentos tendentes à verificação do cumprimento das notificações efectuadas e respectivas medidas de tutela para efeitos de reposição da legalidade urbanística”.
Num ofício datado de 12 de Maio, a Câmara esclarece que a legalização da piscina “não é viável” e que a legalidade terá de ser reposta “com a demolição das construções executadas sem licença, sendo da responsabilidade da proprietária eventuais danos casados a terceiros e decorrentes da situação existentes com as referidas obras”.
O JORNAL DE LEIRIA contactou a proprietária, que se limitou a dizer que o assunto “é tratado junto das devidas entidades e lugares: Câmara Municipal de Leiria, tribunais e assembleia de condóminos”. No mesmo sentido vai a resposta da empresa que faz a gestão do condomínio, que assegura estar “a trabalhar para resolver os problemas da melhor maneira possível”.