A Câmara de Leiria vai solicitar a uma entidade externa ensaios ao pavimento que está a ser colocado no percurso Polis, para “apresentar evidências” da capacidade de drenagem do material usado. O recurso a ensaios foi acordado com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), após deslocação ao local de técnicos da Administração da Região Hidrográfica do Centro, para “aferimento da situação e realização de reunião” com a Câmara.
“Aquele município irá procurar demonstrar junto desta Agência a equivalência do material agora utilizado”, adianta a APA ao JORNAL DE LEIRIA, deixando subjacente que haverá diferenças entre a solução prevista no projecto ao qual deu parecer positivo e aquela que foi aplicada. Até ao fecho de edição não foi possível esclarecer este ponto junto da APA.
Por sua vez, a Câmara assegura que o material utilizado “está em conformidade com o definido no caderno de encargos do concurso, que refere ‘execução de camada de desgaste em betão betuminoso’, o que foi efectivamente aplicado, pelo que há equivalência entre o que está no terreno e no caderno de encargos”. Mas, para que não restem dúvidas, o Município irá solicitar ensaios ao piso “a efectuar por entidade externa devidamente acreditada, depois da pintura do pavimento”.
Já na reunião de Câmara desta terça- feira, a maioria socialista voltou a garantir, em resposta às questões da oposição, que a escolha dos materiais cumpre as regras ambientais.
“Naquele percurso paralelo à linha de água do rio Lis não pode ser colocado[LER_MAIS] aquele tipo de pavimento, como se de uma via normal se tratasse”, afirmou o vereador do PSD Álvaro Madureira, defendendo que o piso “não é bom em termos ambientais, nem para uso de desporto”.
O autarca da oposição lembrou que, aquando da aprovação das obras, o PSD votou a favor, mas sugeriu algumas rectificações ao projecto”. Já no sábado, a concelhia do PSD, presidida por Álvaro Madureira, tinha defendido, em comunicado, “a substituição” do piso “por um pavimento ambientalmente mais adequado”.
“Sugerimos que se faça a reavaliação do percurso”, acrescentou o vereador na reunião de Câmara, onde criticou também a convivência de bicicletas e peões no mesmo espaço, apesar de o percurso estar delimitado com cores.
O vereador das Obras Públicas, Ricardo Santos (PS), lembrou que o percurso “sempre foi utilizado por peões e por ciclistas”. “Esta intervenção permitiu ainda alargar a via de circulação para 4,5 metros, ficando os peões com um espaço de largura de 2 a 2,5 metros. A intervenção dá prioridade à circulação pedonal”, frisou o autarca.
Ricardo Santos informou ainda que “sempre se previu este piso, que foi a concurso público e sujeito à avaliação das várias entidades”, com parecer positivo, alegando que o “é ambientalmente mais favorável do que o anterior, cujos detritos poderiam soltar-se e ser arrastados para o leito de água e contribuir para o assessoramento do rio”.
Sublinhando também a capacidade de drenagem deste piso, “muito superior” ao anterior, o vereador das obras exibiu na reunião dois vídeos, nos quais evidenciou a absorção da água no novo pavimento. Ricardo Santos disse ainda que este é um piso utilizado em muitos pontos do País.
“Encontrei, pelo menos, 45 circuitos com este pavimento, ao longo de 227,5 quilómetros. Pode-se verificar na ciclovia do Polis de Gondomar [Porto], na ciclovia de Fervença [Bragança], na ecopista do Dão, percurso de Tondela, no Caminho Pedonal Ribeirinho entre Alhandra e Vila Franca de Xira e na ciclovia da Ribeira de Albufeira”, exemplificou.
A intervenção no percurso Polis contempla, além da subsituição do piso, a instalação de iluminação LED, com gestão centralizada, e a remodelação do mobiliário urbano. O investimento de cerca de 852 mil euros prevê a “melhoria das condições de segurança e de conforto para a circulação pedonal”.