À margem da peregrinação internacional de Outubro, que hoje termina ao Santuário de Fátima, coincidindo com o Dia Nacional do Peregrino, que se assinala pelo segundo ano, o reitor do recinto, Carlos Cabecinhas, afirmou que "o poder político português continua a envergonhar-se de Fátima e isso é embaraçoso".
"O Santuário de Fátima cresceu com ofertas dos peregrinos e não com apoios do Governo e, nesse sentido, manteve sempre uma distância e uma independência em relação ao poder político", disse à Agência Lusa o reitor.
Esta posição "não significa uma indiferença", nem que não tenha "expectativas em relação àquilo que deveria ser o olhar do poder político para a importância de Fátima hoje em dia", continuou o sacerdote, quando questionado se gostaria de um outro olhar do poder político para a cidade-santuário que, em 2017, comemora o centenário das aparições.
"Reconhecemos, actualmente, o relevo que o Turismo de Portugal vai procurando dar ao turismo religioso e, concretamente, o Turismo Centro de Portugal ao fenómeno de Fátima. Continuamos a reconhecer que é muito insuficiente a aposta na divulgação externa de Fátima e que isso depende do poder político", declarou, explicando do sentido da expressão empregue: "'embaraçoso' porque Fátima é um dos grandes destinos turísticos portugueses, é um dos grandes cartões-de-visita e a verdade é que o poder político continua a envergonhar-se de Fátima e a querer calar esse fenómeno que é inegável" no País.
Carlos Cabecinhas expressou o desejo de que "haja, de facto, uma aposta sincera, real, verdadeira naquilo que é a potencialidade de Fátima", notando não se pretender que o Estado perca a laicidade, mas que reconheça a existência de "todo um valor de um turismo religioso que se dirige a Fátima e que deve ser assumido pelo poder político como não tem sido até agora".