O Politécnico de Leiria apresentou hoje a plataforma Germinar, projecto cultural ‘online’ que aposta em “formar cada vez mais melhores cidadãos” para responder ao que “tem falhado” nas instituições de ensino superior, afirmou o presidente da instituição, Rui Pedrosa.
Com quase 14 mil alunos matriculados nas cinco escolas distribuídas por Leiria, Caldas da Rainha e Peniche, o Politécnico de Leiria acrescenta ao investimento no ensino um novo compromisso: “mais do que formar profissionais muito competentes, é formar, cada vez, mais melhores cidadãos, que vão fazer um futuro mais justo, mais coeso para construir uma sociedade melhor para nós, mas sobretudo para os que aí vêm”, disse Rui Pedrosa, acreditando que a plataforma “será referência no ensino superior”.
O presidente do Politécnico de Leiria espera que, pela arte e pela cultura, surjam “pontos de encontro, de discussão e conhecimento”.
“Com o que se vive hoje na Europa e no mundo, é absolutamente evidente que é preciso maior investimento na ciência, no ensino superior, na educação e na cultura, porque nos conhecemos como sociedade global ainda muito mal”, disse.
Referindo-se à guerra na Ucrânia, Rui Pedrosa admitiu que a situação “não tem compreensão possível”, mas “seguramente uma das razões é porque ainda não fizemos o investimento suficiente na educação, na cultura, na ciência. E é com esse compromisso que o Politécnico de Leiria está”.
A plataforma Germinar ambiciona encontrar resposta para a “consciência plena de que as instituições de ensino superior têm falhado nas últimas décadas”:
“Além [de dar] competências técnicas e científicas, [o ensino superior] tem falhado para que os nossos diplomados, os nossos estudantes, tenham competências transversais: de relacionamento social, emocionais, de tolerância, de pluralidade, de liberdade. Competências que fazem um cidadão melhor e, seguramente, um profissional melhor”.
Germinar – Artes e Cultura (disponível em https://germinar.ipleiria.pt) contém dois projectos principais, “Mosaico poético” e “Desafios da contemporaneidade e do futuro”, a par da agenda cultural do Politécnico e de conteúdos referentes a projectos em curso ou realizados nas escolas da instituição.
No arranque, “Mosaico poético” apresenta três dezenas de poemas de 23 autores, de D. Dinis a Adília Lopes, escolhidos por Luís Filipe Castro Mendes e Jorge Silva Melo e lidos pelo elenco da companhia Artistas Unidos. Participam também alunos do curso de Teatro da Escola Superior de Artes e Design, das Caldas da Rainha, lendo textos selecionados por Diogo Dória.
“Desafios da contemporaneidade e do futuro” propõe “uma refundação do ensino superior, unido pelo cuidado para com a Terra”, explicou Samuel Rama, pró-presidente do Politécnico de Leiria para a área da Cultura e Bibliotecas.
“Neste momento, disponibiliza 133 livros importantes para nos dar um ponto de vista atualizado sobre o que está a acontecer, a que se vão juntar mais 230 volumes durante este ano. Sentimos todos essa tarefa como urgente, porque os últimos relatórios sobre alterações climáticas colocam o nosso planeta na descida, em cascata, em direção à Terra fornalha”, alertou.
A próxima iniciativa do projecto acontece na quarta-feira, às 16:30, com a transmissão ‘online’ de uma palestra de Viriato Soromenho-Marques, intitulada “Walden ou a vida nos bosques, de Henry D. Thoureau”, sobre uma obra fundamental da ecologia.