A Australis Oil & Gas Portugal enviou uma carta à Direcção-Geral de Energia e Geologia “exercendo o seu direito de renúncia às concessões ‘Batalha’ e ‘Pombal’”, admitiu a empresa numa resposta ao JORNAL DE LEIRIA.
Os australianos confessam-se “desapontados” por “não ter sido possível concretizar a avaliação da descoberta na concessão ‘Batalha’ e complementar a avaliação da perspectiva de existência de gás natural na concessão ‘Pombal’”, na freguesia da Bajouca, no concelho de Leiria.
A Australis referiu “em muitas ocasiões, e em fóruns públicos, a razão pela qual considera que este é um mau resultado para Portugal e para o ambiente”.
Segundo a empresa, “nestes tempos difíceis, o País teve a oportunidade de obter este gás localmente, com uma menor pegada de carbono e a um custo mais baixo”.
No entanto, refere ainda, “sem qualquer apoio à exploração e desenvolvimento local, o gás necessário continuará a ser importado e a ironia é que o impacto ambiental, o custo para o País e a dependência de governos estrangeiros será muito maior do que se Portugal tivesse desenvolvido os recursos descobertos internamente de uma forma apropriada e ambientalmente responsável”.
Opinião bem diferente têm os presidentes dos municípios de Leiria e da Batalha, que sempre se opuseram à exploração de gás na região. “É uma grande vitória para a população da Bajouca, que se mobilizou para que pudessem ser travadas estas explorações na sua freguesia e que teve o apoio de todas as outras freguesias do concelho”, afirma Gonçalo Lopes, presidente do Município de Leiria.
Sublinhando que as “questões ambientais são decisivas para o futuro da região”, o autarca reforça que a decisão é uma “vitória para a população e para o ambiente”.
Esta decisão prova que “quando as pessoas estão unidas em torno de um objectivo conseguem alcançar os seus objectivos”, o que “representa uma esperança para resolver outras deficiências ambientais” do concelho, acrescenta Gonçalo Lopes.
Também o presidente do Município da Batalha, Paulo Batista Santos, entende que a “concessão, como foi lançada, não era sustentável e a empresa não tinha grandes interesses, além do aspecto financeiro”.
O autarca alerta ainda o Governo para que “não renove esta concessão” e para que ela “seja cessada definitivamente”.
“As questões ambientais sairiam prejudicadas no nosso Maciço Calcário Estremenho. A prospecção iria contaminar as linhas de água que também suportam o consumo de água humana”.
Para Paulo Batista Santos, “essa concessão não traria qualquer valor acrescentado para a região e nem para o País, até porque se conseguiria o gás mais barato indo buscar a Marrocos e à Argélia”.