“Terrenos por limpar, valetas de estradas cheias de ervas, edifícios abandonados e com lixo” são algumas das justificações encontradas por Raquel Lourenço para uma praga de ratazanas no centro da vila da Benedita, no concelho de Alcobaça.
Este “problema de saúde pública” já se alonga há pelos menos quatro anos, recorda, sendo que há fases em que adquire maior intensidade, como sucede presentemente, explica a moradora.
A situação foi recentemente exposta nas redes sociais, com fotos e filmagens dos roedores, que à luz do dia se fazem passear pela rotunda e pela Praça Damasceno Campos, no centro da vila, também pelo parque de estacionamento das piscinas municipais, “onde andam crianças e demais pessoas”, também à frente da antiga escola primária da Benedita e da sede da Junta de Freguesia de Benedita, denunciam [LER_MAIS]os munícipes, através do Facebook.
Alguns moradores ouvidos pelo nosso jornal garantem que o problema se arrasta há muito. “Quando abri o meu salão de cabeleireiro, na rua Rei da Memória, em 2019, já andavam ratazanas pela estrada”, lembra Raquel Lourenço, que por várias vezes expôs a situação na junta e na câmara.
Numa das ocasiões chegou a ser feita uma desratização, recorda, mas seria preciso muito mais, entende a comerciante, que sugere, além de pastilhas anti-ratos, a colocação de grelhas nas canalizações, de forma a impedir que os animais saiam para a via pública.
“Pago saneamento básico. Se a junta não tem capacidade, que seja então a câmara a tratar”, comenta a moradora, que não retira a culpa aos privados, que deixam os edifícios abandonados e cheios de lixo. “Na rua atrás do meu salão, o Big Fuck [como é conhecido na Benedita um edifício de 80 fracções, que nunca chegou a ser finalizado] está cheio de seringas, preservativos, restos de comida, de roupa”, exemplifica Raquel Lourenço.
Maria Santos, outra moradora, explica que na Praça Damasceno Campos, quem frequenta alguns estabelecimentos comerciais consegue ver as ratazanas passar. Também nesta zona mais central, refere, há imóveis abandonados que em nada abonam nesta questão. Aponta, por exemplo, o Edifício dos Carmos, presentemente envolvido em lonas.
Maria de Lurdes Pedro explica que as desratizações trimestrais, nas quais a Junta da Benedita tem investido, têm vindo a dar resultados, tendo atenuado o problema “talvez em 80%”. Mas, mesmo que as intervenções fossem mensais, não acabariam com a situação nalguns “pontos complicados”, nota a presidente de junta, apontando que alguns privados não limpam o que lhes pertence.
“Exige-se às entidades públicas, mas o cidadão não se pode demitir do seu dever cívico”, entende a autarca, que tem vindo a trabalhar na sensibilização dos particulares.
Até ao fecho da edição não foi possível ouvir Paulo Mateus, vereador do Ambiente no Município de Alcobaça.