O desafio foi-lhes lançado um ano antes por um agente de viagens de Lourdes, santuário mariano francês, que queria trazer grupos de peregrinos a Fátima, mas que precisavam de alguém que recebesse. No dia 1 Abril de 1971, o casal Albino e Celeste Frazão concretizam essa vontade, com a abertura da Verde Pinho, a primeira agência de viagens, turismo e peregrinação.
A agência comemora, esta quinta-feira, 50 anos de actividade, num momento ainda de grandes restrições ao sector do turismo, por força da pandemia.
Afonso Carreira, neto dos fundadores que integra a administração da empresa – da qual faz ainda parte Rosário e Alexandra Frazão e Francisca Carreira, filhas e neta dos fundadores –, reconhece que o momento é “desafiante”, mas não deixa de projecto o presente e o futuro.
Citado por uma nota de imprensa da Verde Pinho, Afonso Carreira diz que aposta passa pelo reforço da promoção nos mercados com os quais já trabalha, mas também pela procura de outros que ainda não vistam Fátima ou que ainda não têm tanta expressão, nomeadamente nos continentes americano, asiático e europeu”.
“Orgulhamo-nos de ter o turismo religioso como a nossa base, mas trabalhamos também com o turismo cultural, experiências, gastronómico e de herança judaica”, refere Afonso Carreira, citado numa nota de imprensa da Verde Pinho, empresa que tem parcerias com operadores em vários países.
Abertura foi “um dia normal”
Num vídeo divulgado a propósito dos 50 anos da Verde Pinho, Celeste Frazão recorda o dia de abertura, que teve lugar a 1 de Abril de 1971:“Foi um dia normal. Veio cá a Direcção-Geral de Turismo, abriu-se a porta, recebemos o alvará e aqui ficámos a trabalhar”.
Naquele tempo, Albino Frazão, falecido em 2020, trabalhava como funcionário bancário, actividade que manteve, pelo que, era à esposa que cabia a gestão do dia-a-dia da empresa.
“Os clientes eram poucos no princípio, mas depois foram aumentando”, conta Celeste Franzão, que continua a trabalha na agência e que expressa gratidão a quem os ajudou na construção do negócio. “Tive muita ajuda, muitos amigos”.
Na primeira década, a Verde Pino trabalhou com a reserva e venda de bilhetes individuais de comboio e avião, para as famílias locais e para os membros das congregações religiosas, e no acolhimento (incoming) de grupos vindos do estrangeiro em peregrinação a Fátima.
Alexandra Frazão conta que os primeiros clientes na área de incoming “eram belgas e holandeses, grupos de 200/300 pessoas”, que vinham por intermédio da congregação dos padres Monfortinos, porque dispunham de um secretariado de peregrinações nos Países Baixos.
Membro dessa congregação, o padre António Pereira refere naquele vídeo que Albino Frazão procurava proporcionar a esses grupos “um pouco da cultura portugueses, com a música e folclore”, e que, muitas vezes, aliava esses momentos culturais à solidariedade.
“Levava os grupos a jantar às paróquias e a visitar as suas obras. A população juntava-se e preparava uma refeição e arraial. Havia também missa. No final, os grupos deixavam dinheiro para ajuda da construção da igreja ou do centro paroquial. Foram anos e anos a fazer este trabalho”, recorda Alexandra Frazão.
Primeira viagem à Terra Santa
Em 1979 a Verde Pino cresce. Adquire um segundo espaço na Cova da Iria e integra o sector das viagens e peregrinações de portugueses ao estrangeiro (outgoing), sendo que a primeira teve como destino a Terra Santa.
“A Verde Pino chegou a fazer 30/40 viagens por ano à Terra Santa e depois a outros destinos, como Lourdes, Santiago de Compostela e Czestochowa, em certo momento com voos charter ao serviço da agência”, realça a nota de imprensa da agência.
No vídeo comemorativo dos 50 anos da Verde Pinho, Luciano Guerra, reitor emérito do Santuário de Fátima, destaca o papel de Albino Frazão na promoção de Fátima, nomeadamente através da Verde Pinho.
“A preocupação dele era o acolhimento dos peregrinos”, afirma o sacerdote. E acrescenta: “Queria promover Fátima, muito mais do que o seu próprio negócio”.