Em declarações hoje à agência Lusa, Pedro Cortes ressalvou que perante a tragédia em Pedrógão Grande – e que atinge também Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera – não seria sensato apontar culpas ou dissecar responsabilidades.
Contudo, apontou como uma das razões estruturais para a problemáticas dos incêndios em Portugal a desactivação do sistema agroflorestal e das práticas agrícolas clássicas, em parte devido à inviabilidade económica de manter a actividade.
“O nosso clima é um inimigo, um inimigo sem nome. Temos de aprender a gerir o território. É um trabalho de vários anos de reativação do território e os projectos que têm sido feitos nesse sentido deviam ser acarinhados”, afirmou o especialista em planificação e defesa do espaço rural contra incêndios.
O perito diz que há vários aspectos a resolver na gestão do território, que há anos que vão sendo identificadas, nomeadamente enfrentar os problemas estruturais do abandono territorial.
Pedro Cortes sublinha que “não é de um ano para o outro” que se faz esta recuperação do território, sendo mesmo um “trabalho de vários anos”. “Estas coisas tratam-se no Inverno. E é no inverno que devemos falar delas. Não é sensato fazê-lo neste momento, que é dramático”, afirmou, referindo-se ao incêndio em Pedrógão Grande que causou até agora 58 mortos.
O fogo de Pedrógão Grande deflagrou ao início da tarde de sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande.