Na região de Alcobaça, a falta de água é visível mas não tem ainda impactos preocupantes no sector agropecuário. O vice-presidente da Associação de Agricultores da Região de Alcobaça e director da Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores, Rui Anselmo esclarece que, apesar de cerca de 90% dos pomares locais usarem técnicas de regadio, ainda não escutou ecos das consequências da falta de água.
“Sei que houve produtores que, devido à descida dos níveis freáticos, tiveram de baixar em profundidade os furos e mudar tubagens”, adianta. Anselmo diz ainda que conhece casos de agricultores que estão a estudar a possibilidade de passar a utilizar ferti-rega, caso este episódio de seca se torne mais duradouro.
“A ideia é usar o efluente suinícola, depois de um pré-tratamento, que o torna apto para regar e fertilizar simultaneamente.” O líquido resultante, embora não possa ser descarregado nas linhas de água, pode assim ser utilizado para a produção agrícola.
A produção pecuária, para já, não regista situações relacionadas com a seca, contudo, alguns produtores de animais para engorda estão a ajustar as dietas dos bovinos para conterem menos palha, fornecendo-lhes fibra a partir de outras origens, que não a palha.
“Há pouca palha, devido à falta de chuva, e a que há é muito cara”, resume o responsável. A falta de precipitação também atrasou as sementeiras para a produção de silagem e fenos, o que deverá também ter alguns impactos na actividade pecuária.
[LER_MAIS] Os agricultores de Alcobaça e os suinicultores, reunidos em conjunto com a Confederação dos Agricultores de Portugal, no mês passado, redigiram uma lista de preocupações relacionadas com a situação de seca que pretendem entregar, nos próximos dias, ao ministro da Agricultura, Capoulas Santos.