A proliferação de eucaliptos vai “acelerar a morte” da Lagoa da Ervedeira. O alerta é de Mário Oliveira, presidente da associação ambientalista Oikos, que chama a atenção para os impactos da massificação da espécie na biodiversidade da zona, no assoreamento da lagoa e no consumo “desmesurado de água”.
O alerta do ambientalista surge na sequência das preocupações manifestadas pelo Grupo de Amigos da Lagoa da Ervedeira, dois anos após os incêndios que assolaram aquela zona, que confina com as Matas Nacionais.
“O eucalipto é a única árvore que continua a ser plantada. Na zona sul e nordeste da lagoa, antes do incêndio 95% da área tinha pinho e o restante eucalipto. Hoje é o contrário”, afirma Virgílio Cruz, um dos membros do grupo.
O dirigente nota ainda que há áreas “minadas” com “eucalipto queimado, que nasceu após os incêndios com as sementes que se foram espalhando”. São, diz, “aos milhares, a crescer desordenadamente e sem qualquer controlo”. “Se não se intervir com urgência, as consequências serão drásticas para o ecossistema da lagoa e envolvente”, adverte.
Mário Oliveira partilha destas preocupações. O ambientalista explica que, a par do consumo “desmesurado” de água, a plantação de eucaliptos vai contribuir para o assoreamento da lagoa.
“Os solos no local são muito pouco compactos. Com a sua remoção para a plantação, muito facilmente vão parar à lagoa, provocando o seu assoreamento [LER_MAIS] e acelerando a sua morte”, alega o dirigente da Oikos, frisando que a erosão dos solos acontece não só na fase de plantio mas também depois com o corte das árvores.
O ambientalista frisa ainda que a massificação do eucalipto irá também provocar a “a perda de biodiversidade vegetal e animal” na lagoa e envolvente, devido à ausência de outro de tipo de vegetação”.
A Câmara de Leiria reconhece o problema, mas alega que o Município “não tem competências para intervir nesse âmbito da propriedade” particular. “Tratando-se, na sua maioria, de propriedades privadas e da envolvente da Lagoa da Ervedeira, compete ao ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas] e aos proprietários privados adequar a gestão destes espaços à valorização ambiental, ecológica, biofísica e paisagística, garantindo a protecção da rede hidrográfica e a protecção contra a erosão eólica e hídrica, promovendo a reconversão dos eucaliptos por espécies autóctones”, refere o município.