A manhã já vai a meio. Nas bancas ocupadas do mercado de Porto de Mós, que “vão sendo cada vez menos”, os clientes vão procurando os produtos mais frescos, indiferentes à humidade que se acumula nos pilares e nas paredes, onde a pintura vai caindo, ou aos fios que se acumulam à vista de todos.
“Já estamos habituados. Não é o melhor mercado do mundo, mas gosto de vir, porque aqui encontro produtos saborosos”, diz Emília Santos, de 67 anos, cliente “há muitos anos”. “As condições não são as melhores, mas já estamos habituados”, diz, conformada, Fátima Rino, que vende produtos hortícolas, juntamente com a irmã, dando continuidade ao negócio do pai.
Mas, “mais do que condições, precisamos de clientes. Está fraco”, lamenta-se a mulher, residente no concelho da Batalha, admitindo, contudo, que o facto de o espaço não ser atractivo acaba por afastar as pessoas. O mesmo entendimento tem Beatriz Coelho, de 22 anos.
“É preciso gostar muito de mercados para continuar a vir ao de Porto de Mós. É muito precário”, afirma a jovem, que defende que, além das obras “há muito prometidas”, há também necessidade de reorganizar o espaço e de juntar no edifício todos os produtores, incluindo aqueles que vendem no exterior, libertando lugares para estacionamento.
Também Helena Faustino, que faz mercado em Porto de Mós há 45 anos – “comecei ainda no antigo, junto ao tribunal” – entende que a concentração dos vendedores seria benéfica. “Temos bancas vazias, que podiam ser ocupadas, permitindo que o espaço lá fora servisse para estacionar”, sugere a vendedora, que reconhece que este é um mercado “com pouco jeito”.
Investimento ultrapassa 2 ME
Segundo o presidente da câmara, o projecto para a requalificação do mercado está feito “há seis anos, mas tem ficado parado por falta de financiamento”, já que a estimativa aponta para a necessidade de obras superiores a dois milhões de euros.
“Fazer um investimento desta natureza para ter o mercado a funcionar apenas umas horas à sexta-feira não é forma de gerir convenientemente os dinheiros públicos”, alega Jorge Vala, sublinhando que a autarquia quer encontrar uma solução que dê “uma outra dinâmica ao mercado, com alguns serviços associados e lojas que possam abrir diariamente”.
O autarca adianta que o projecto está a ser revisto e adaptado à nova visão que o município pretende dar ao mercado. O objectivo é concluir o processo nos próximos meses, de forma a que a obra seja lançada no presente mandato.