Quando o negócio passa por vestir e por despir, são muitas as medidas de segurança que se impõem com a reabertura das lojas de roupa. Apesar de todos os cuidados necessários no actual contexto de pandemia, os lojistas ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA revelam-se empolgados com o regresso ao activo. Acreditam que todas as medidas sanitárias impostas só vêm mostrar aos clientes que os seus estabelecimentos são de confiança e a prova, dizem, é que as pessoas estão a voltar a comprar.
Cristina Alves é proprietária da Miss Marias, uma boutique de roupa e acessórios de senhora na Marinha Grande. Mostra-se entusiasmada com a reabertura da loja, sobretudo ao verificar que, em poucos dias, já foi visitada por vários clientes. “Há quem fique a olhar a montra do lado de fora e há quem entre e compre”, explica Cristina Alves. À entrada da loja todos têm de desinfectar as mãos e só passa para o interior do estabelecimento quem estiver a utilizar máscara, relata a proprietária que, para dissuadir eventuais prevaricadores, afixou informação sobre as multas aplicáveis a quem infringe. Como o estabelecimento é pequeno, só entra um cliente de cada vez, acrescenta.
Até agora, os clientes têm preferido experimentar os artigos em casa. Cristina registou apenas um caso em que, depois de provar a peça em casa, a cliente teve necessidade de a devolver. Nesse caso, o artigo foi levado para o provador, onde foi pulverizado com uma solução desinfectante, e ali ficou durante 48 horas. “Só passados pelo menos dois dias permitimos que a peça volte a ser tocada por outra pessoa”, conta a lojista. “As pessoas acham bem. Reconhecem que é este o caminho”, salienta. Se o vírus se vai manter por muito tempo, “temos de nos habituar a tudo isto”, remata a comerciante.
Dedicado a este ramo há cerca de 30 anos, Nelson Caseiro, responsável pela Skulk em Leiria, nunca pensou trabalhar nestas condições. Mas entende que “esta é a única maneira de nos protegermos a todos”. Também nesta loja os clientes têm de desinfectar as mãos à entrada. E há sempre álcool-gel disponível no interior. Como a loja tem cerca de 100 metros quadrados, o lojista permite a entrada até quatro clientes apenas. Também neste caso, os clientes estão a experimentar os artigos em casa.
“Temos um armazém grande e é lá que deixamos as peças que forem devolvidas, durante dois dias no mínimo”, conta Nelson. Até agora não se verificou nenhuma devolução. Mas o lojista ainda tem dúvidas se deverá aplicar ou não desinfectante na roupa, temendo que possa danificar-se.
“Nos próximos dias vamos estudar, estar atentos a todas as indicações”, salienta o lojista, que realça o papel formativo que a Acilis tem prestado aos seus associados. Gradualmente, até dia 18, Bruno Carreira pretende reabrir todas as lojas do grupo Five, de Leiria. Explica que estas terão de ser convenientemente limpas, depois deste período longo de encerramento, pelo que o objectivo é reabrir uma a uma, à medida que essa higienização acontece.
Condicionar o número de clientes no interior, em função do espaço da loja, usar separadores de acrílico e criar uma área de desinfecção onde sejam colocados todos os artigos tocados fazem parte da política de segurança deste grupo, além da utilização obrigatória de máscaras e de álcool-gel. “Quanto mais protegidos estivermos, mais confiança transmitimos aos consumidores”, realça o empresário.
Acilis (in)forma associados
Lino Ferreira, presidente da Acilis, nota que a associação tem prestado apoio aos associados, ao informar sobre todas as medidas a que podem recorrer para minimizar os impactos negativos[LER_MAIS] na sua actividade e ao disponibilizar também guia de boas práticas. Irá ainda enviar a todos os associados os dísticos, divulgados pela Direcção-Geral da Saúde, para que estes incentivem os trabalhadores e clientes para o cumprimento das recomendações de saúde, higiene e segurança adequadas ao momento actual.
Quanto às medidas concretas a adoptar, Lino Ferreira informa que “deve ser promovido um controlo no acesso a vestiários, ou espaços de prova em estabelecimentos de pronto-a-vestir, por forma a garantir as distâncias mínimas de segurança e assegurando-se a sua desinfecção após cada utilização, assim como a disponibilização de solução anticéptica de base alcoólica para utilização pelos clientes antes da entrada nos mesmos”. Após a prova, “os produtos devem ser separados, não devendo ser colocados novamente em expositor antes de decorrido um período superior ao número de horas de sobrevivência do coronavírus, de acordo com o material em causa, de acordo com informação das autoridades de saúde”. E deve proceder-se, no caso de devolução de produtos, à sua desinfecção, nota Lino Ferreira.
“Deve ainda ser dada preferência ao pagamento por cartão ou outro método electrónico, em particular contactless, evitando-se o pagamento em numerário”, remata o dirigente.