A União de Freguesias (UF) de Marrazes e Barosa defende a construção de uma “mega-estação” para servir a Linha de Alta Velocidade (LAV). A proposta consta de um parecer emitido no âmbito do processo de “recolha de informação” que, segundo a InfraEstruturas de Portugal (IP), servirá de base à “actualização” do estudos prévios e de impacto ambiental feitos em 2009, para a elaboração dos projectos.
O parecer, datado de Abril, foi agora tornado público, numa sessão da Assembleia da Freguesia (AF), onde a maioria dos elementos expressou concordância com a posição de executivo. “Somos veemente contra ter a alta velocidade a passar na actual estação”, afirmou Paulo Clemente, presidente da junta, alegando que essa solução implicará “a destruição de 68 casas e de oito empresas”.
“Ter a LAV no nosso território é vantajoso. Se se concretizar, a Barosa vai ter um boom enorme. Passará a ser possível as pessoas trabalharem em Lisboa e viverem aqui. Mas, não sejamos utópicos, haverá impactos. Temos de procurar as soluções menos impactantes”, defendeu.
Considerando que “não é exequível” utilizar a actual estação para a alta velocidade, mesmo que ampliada e adaptada como preconiza a IP, Paulo Clemente está convicto que a construção de uma nova gare permitirá “minimizar constrangimentos”.
Sem uma posição definitiva sobre esta questão, alegando que ainda não foi disponibilizada informação suficiente, tanto Frederico Portugal como Odete Ferreira, membros do Bloco de Esquerda e do PCP na AF de Marrazes e Barosa, chamaram a atenção para a necessidade de acautelar os impactos do projecto ao nível dos acessos, do estacionamento e da articulação entre a circulação ferroviária e os transportes públicos.
Das várias bancadas representadas na AF, houve pedidos para que seja prestada mais informação. “Nada está decidido. As entidades apenas nos pediram opinião. Em devido tempo, daremos toda a informação aos órgãos competentes”, prometeu o presidente da junta.
A par da questão da estação da LAV, o parecer do executivo de Marrazes e Barosa expressa também a preferência pelo traçado A, aquele que passa mais próximo da Barosa em detrimento da opção B que, de acordo com os estudos de 2009, apontava a linha a passar no concelho da Marinha Grande.
Posição contrária foi assumida pela Junta de Regueira de Pontes, por considerar que a solução B, que na freguesia abrangerá “zona florestal, junto à A17”, terá “muito menos impactos”, explica o presidente da autarquia, Vítor Matos. Segundo o autarca, a outra opção “traça a freguesia a meio, atravessando a zona industrial, passando por cima de casas e encostada ao lar de idosos”.
No caso de Amor, a opção recai na solução A, que, segundo a acta da Assembleia de Freguesia, “não implica a demolição de nenhuma edificação”, enquanto o traçado alternativo sacrificará “pelo menos três habitações” e um edifício agro-industrial “recém-construído”.
No Souto da Carpalhosa, o traçado não implicará construções, pelo que, a junta mostrou-se favorável, segundo apurou o JORNAL DE LEIRIA.
O presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, prefere, nesta fase, não se pronunciar sobre possibilidades de traçado. “Estamos a aguardar informação da IP, para analisar a melhor proposta. Só faz sentido falar de traçados com esses dados”, diz o autarca, que também não dá opinião sobre a posição da UF de Marrazes e Barosa em defesa de uma estação dedicada à LAV.
Leiria a 40 minutos de Lisboa
A proposta de LAV apresentada em Outubro do ano passado coloca a cidade de Leiria a 40 minutos de distância de Lisboa e a 50 minutos do Porto, com nove serviços de TGV por dia, mas, ao contrário do que esteve previsto no passado, não será construída uma nova estação.
A proposta preconiza a criação de um by pass a norte da estação de Leiria, na zona de Regueira de Pontes, e outro a sul, nas imediações do Telheiro, na freguesia Maceira. Nesses pontos, os comboios de alta velocidade sairão da linha dedicada e entram na do Oeste, cujas obras de modernização, em fase de projecto, prevêem a sua duplicação e o aumento de velocidade para os 160 quilómetros/horas.