Terminou a semana passada a primeira fase das Provas de Aferição com a realização das provas de Educac?a?o Arti?stica e Educac?a?o Fi?sica para os alunos do 2º ano de escolaridade e, se houvesse juízo, não haveria mais nenhuma nestes termos e nestas condições. Nunca se sabe se não pode mesmo acontecer, não por um ataque de racionalidade do Ministério mas por força das greves convocadas pelos Sindicatos de Professores.
Uma injeção de clarividência do Ministério está mais uma vez, infelizmente, fora da equação. Diz uma nota ao Calendário que a “disponibilizac?a?o dos relatórios individuais de provas de aferic?a?o (RIPA), dos relatórios de escola de provas de aferiça?o (REPA) e dos resultados globais das provas de aferiça?o tem lugar até ao ini?cio do ano letivo de 2024-2025”.
Acredita-se pouco nisso, mas é de certo modo indiferente porque nem os RIPA nem os REPA nem os resultados globais servem para coisa alguma. Os seus efeitos no processo de ensino-aprendizagem são nulos. As escolas bem podem refletir nos seus resultados e chegar às sempre eternas conclusões que o Ministério cuidará zelosamente para que nada aconteça, nada se altere, nada mude.
Os Agrupamentos de Escolas têm toda a autonomia para inflectir caminhos e melhorar práticas. É bem verdade que não têm mais nada, nem bolsa de horas, nem cobertura orçamental que lhes permita qualquer leviandade. Com uma autonomia assim podem bem metê-la onde bem quiserem.
Duas décadas ou mais de Provas de Aferição podiam certamente servir para uma reflexão calma e minimamente informada sobre a utilidade do esforço de aplicação e classificação, um esforço que não é pequeno note-se bem, em relação aos seus efeitos práticos. Por mais esforço que se faça não se entende qual é a utilidade de detetar um problema, sabendo como se resolve e constatando a total incapacidade de o resolver.
As Provas de Educação Artística e de Educação Física demonstram ano após ano o enorme défice das práticas criativas e de jogo físico nas escolas e o incumprimento quase absoluto do currículo nacional mas isso não interessa nada. Nunca interessou nada e continua a nada interessar. Nem é bem triste, é mesmo criminoso.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990