Inov.AM – inovação em fabricação aditiva, Descentralizar Portugal com blockchain e Sustainable Stone by Portugal são as designações dos projectos a desenvolver em consórcio por entidades do distrito de Leiria que já passaram à fase seguinte dos concursos das Agendas Mobilizadoras e das Agendas Verdes para a Inovação Empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Os consórcios qualificados – 64 de um total de 144 que se candidataram em todo o País – apresentaram publicamente as suas propostas quinta e sexta-feira da semana passada, num evento realizado em Leixões.
Os três liderados por empresas do distrito prevêem, no seu conjunto, investimentos superiores a 224 milhões de euros e envolvem mais de 170 entidades, a maioria delas da região.
A estes projectos, que no início deste mês estavam então qualificados para a fase dois, juntam-se dois outros (Embalagens do Futuro e Valet), de 112 e de 44 milhões de euros, respectivamente, que na altura estavam classificados como elegíveis, mas ainda não estavam seleccionados.
O maior consórcio dos três seleccionados é o Inov.AM – Inovação em fabricação aditiva, liderado pela Erofio – Engenharia e fabricação de moldes, da Batalha, que preconiza um investimento de 98 milhões de euros.
Apresenta-se como programa mobilizador de inovação em fabricação aditiva, constituído por 78 parceiros, entre empresas de vários sectores de actividade e entidades do sistema científico nacional.
Visa o desenvolvimento de várias áreas de intervenção que incluem novos materiais, processos avançados de fabricação aditiva, processos avançados de pós produção, automação avançada e software de controlo, novos produtos, formação e capacitação de recursos humanos, lê-se na síntese disponível no site do IAPMEI.
Espera-se que o projecto contibua para o incremento da competitividade e resiliência da economia portuguesa, com base em I&DT, na inovação e na diversificiação e especialização da estrutura produtiva, “criando um possível efeito de arrasto e contribuindo para a transição digital”.
A Void Software, de Leiria, lidera o consórcio Agenda Descentralizar Portugal com Blockchain, que preconiza um investimento na ordem dos 72 milhões de euros e envolve 46 entidades.
Prevê 18 projectos para lançar ou melhorar produtos com elevado potencial de exportação e escalabilidade. “Todos os projectos estão relacionados entre si, pois fazem parte de uma mesma cadeia de valor da tecnologia blockchain”.
“Esta é uma das tecnologias mais promissoras da actualidade”, diz ao JORNAL DE LEIRIA João Mota, responsável pela Void.
“A ideia unificadora do consórcio é alavancar esta tecnologia para inovar. O nosso foco é explorá-la em várias vertentes, desde a agricultura à saúde, passando pelos videojogos e outras áreas”.
“A nossa visão é que a tecnologia blockchain contribui para reforçar o esforço de digitalização do País, acelerando a transição verde, ajudando a tornar o País mais resiliente, competitivo e sem deixar ninguém para trás”.
Como objectivos gerais, o projecto visa contribuir para a alteração do perfil de especialização da economia portuguesa; ajudar a aumentar as exportações de bens e serviços; e ajudar a incrementar o investimento em I&D do País.
A Solancis – Sociedade exploradora de pedreiras, de Alcobaça, lidera a Agenda Mobilizadora Sustainable Stone by Portugal – valorizac?a?o da pedra natural para um futuro digital, sustenta?vel e qualificado.
Promovida pelo Cluster Portugal Mineral Resources, tem previsto um investimento de 53,8 milhões de euros e envolve no total 50 entidades, das quais 20 empresas da área da pedra natural, grande parte delas da região de Leiria.
[LER_MAIS] Tem a duração estimada de 36 meses, com início previsto para Janeiro do ano que vem e término em 31 de Dezembro de 2024.
Um projecto “com muito enfoque” na região de Leiria, “que é onde estão as empresas mais inovadoras”, aponta ao JORNAL DE LEIRIA Marta Peres, directora-executiva da Associação Cluster Portugal Mineral Resources, adiantando que este é, “claramente, um dos maiores projectos” deste sector.
Tem como principal objectivo “potenciar o relevante trabalho mobilizador e agregador que tem sido realizado no contexto do sector da pedra natural, para a criac?a?o de uma nova gerac?a?o de produtos e processos produtivos, fortemente disruptivos e inovadores, que fortalec?am a capacidade do sector para crescer com pendor internacional, contribuindo, desta forma, para o seu crescimento e consolidac?a?o enquanto sector estrate?gico para o desenvolvimento sustenta?vel da economia portuguesa”.
Classificado como elegível, mas ainda não seleccionado, o projecto Embalagens do Futuro é o que tem associado o maior investimento: 112 milhões de euros, para a execução de um plano de actividades com duração prevista de 48 meses.
Estão envolvidas no consórcio 78 entidades nacionais. Liderado pela empresa Vangest – Engenharia Financeira e Gestão, da Marinha Grande, inclui iniciativas inovadoras para a concepção e produção de novos produtos, processos e serviços capazes de transformar, de forma estrutural e concertada, o futuro da fileira de produção, comercialização e exportação de embalagens Made in Portugal para o mercado global.
Pretende-se gerar novos conhecimentos e produzir novos bens e serviços de alto valor acrescentado, centrados num conceito disruptivo de embalagem que conjugue triplamente a dimensão da ecologia, da digitalização e da inclusão.
Já o projecto Valet – Valorização e tratamento bio-circular de resíduos mereceu classificação razoável, é elegível, mas também não foi ainda seleccionado para a fase seguinte. Contempla um investimento total de 43,6 milhões de euros, para um horizonte temporal de 36 meses.
É liderado pela empresa Ovolíder – Ovos do Centro, de Leiria, e apresenta-se a concurso com um consórcio de 21 entidades, no total.
Através do tratamento e valorização de resíduos de efluentes de suinicultura, avicultura, matadouros, águas ruças de lagares e/ou outras agroindústrias que, neste momento, “estão na origem de problemas ambientais”, a implementação do projecto irá possibilitar o desenvolvimento de novos produtos como biofertilizantes sólidos e líquidos, rações para animais, energia e eco-materiais (argamassas, betões, materiais de enchimento e placas de isolamento), que revelam um elevado potencial de valorização no mercado.
“Assim, pretende-se gerar novos conhecimentos e produzir novos bens e serviços de alto valor acrescentado, com base em princípios de economia circular, que conjuguem as dimensões ambiental, energética e de resiliência económica, apresentando uma amplitude de inovação alargada”.