A qualidade do ar na Marinha Grande é genericamente boa, mas, sobretudo no período da manhã, é notória a concentração de partículas materiais no ar, deslocadas pelo vento, da praia em direcção à cidade. A destruição da Mata Nacional de Leiria, consumida em mais de 80% no incêndio de 2017, deixou campo aberto para uma rápida movimentação destas partículas, que podem ser nocivas para a saúde.
Esta é uma das conclusões a que chegaram os alunos de duas turmas da Escola Secundária Pinhal do Rei, na Marinha Grande, que estão a monitorizar a qualidade do ar através de um sistema único no distrito de Leiria. Em articulação com a professora Carla Silva, Paula Roque coordena o projecto MAPEAR (Mapeamento Ambiental Colaborativo da Qualidade do Ar) nesta escola.
A docente explica que entre os principais poluentes atmosféricos estão as indústrias, os incêndios florestais, mas também poluentes naturais como o pólen e o spray marinho, que têm consequências ao nível das doenças respiratórias e cardiovasculares. E, embora a qualidade do ar seja boa na Marinha Grande, nota-se, sobretudo pela manhã, maior concentração de spray marinho, que a perda da Mata Nacional fez acentuar na cidade.
Rúben Costa, de 15 anos, foi o estudante de informática seleccionado [LER_MAIS]para configurar o sensor e a respectiva rede, através de hotspot, instalados na escola. Aluno de 19 valores nesta disciplina, Rúben já sonha com uma vida profissional no Canadá, onde acredita haver oportunidades, mas também condições de segurança e de saúde.
Também Daniel Vilela, de 16 anos, aluno de ciências e tecnologia, está satisfeito com a missão que lhe foi confiada neste projecto, que consiste na leitura dos dados captados pelo sensor.
Paula Roque explica que o MAPAER visa promover a literacia ambiental: “os alunos fazem a monitorização e o mapeamento de dados relativos ao ar na zona envolvente da escola. Posteriormente, fazem a análise e o diagnóstico dos resultados, com uma atitude crítica e pro-activa”.
Em articulação com a Universidade de Aveiro e a organização Aspea, o projecto MAPEAR utiliza o dispositivo de medição de partículas sensor.community, georreferenciado, para aferir a qualidade do ar, a partir da concentração de PM10 ( diâmetro de 10 micrómetros) e PM 2.5 (diâmetro de 2,5 micrómetros), que são indicadores gerais da poluição atmosférica.
Quanto aos valores, estão disponíveis a toda a comunidade, que os pode consultar a partir de uma App num smartphone. Através da Particule Matter App, este é um projecto único em todo o distrito, salienta Paula Roque.