É uma manhã de segunda-feira igual a tantas outras. Com a carrinha estacionada em frente à loja, Pedro Joaquim Cordeiro, com a ajuda de outra funcionária, vai repondo as caixas de fruta e de hortaliça, com produtos frescos acabados de chegar. Lá dentro, os clientes vão-se abastecendo, sobretudo com pão e charcutaria, que juntamente com as hortícolas e a fruta, são os produtos com mais saída na Mercearia do Quim, de portas abertas há mais de 35 anos na Guimarota, junto à estrada que liga Leiria e Cortes, a poucos metros do Lidl e numa zona onde, em breve, abrirá mais uma média superfície, agora da insígnia Bom Dia/Continente.
“A concorrência é entre eles”, diz, com relativo optimismo Pedro Joaquim, que há oito anos agarrou o negócio da família. Formado em engenharia florestal, conta que, na época, estava a trabalhar apenas a meio tempo e que os pais se queriam reformar, mas “tinham pena” de se desfazer da mercearia. Como “já fazia umas horas” na loja, propuseram-lhe que assumisse o negócio e Pedro Joaquim aceitou o desafio. “Cresci aqui e sentia-me à vontade no negócio. Também me custava fechar portas”, recorda o empresário, que conta com mais sete funcionários.
A dias da abertura de mais uma média superfície nas redondezas, agora do grupo Sonae, Pedro Joaquim confessa-se moderadamente confiante. “Tira sempre alguns clientes, mas também chama mais pessoas para a zona, o que nos pode ajudar”, diz, revelando que, quando o Lidl se instalou na Guimatora, a mercearia acabou por ganhar alguns clientes novos.
A convicção do empresário é que, como tem acontecido ao longo da história da mercearia, os clientes se mantenham fiéis ao espaço e que “continuem a confiar na qualidade dos produtos”, que, no caso das hortícolas e da fruta, são adquiridos a produtores locais no Mercado do Falcão, em Leiria.
Qualidade cativa clientes
“Tem sempre hortaliças frescas. Não quero outro sítio”, confessa Alice Pinto, de 66 anos, empunhando uma couve que comprou para o almoço daquele dia. “Hoje, levo só hortícolas, mas costumo também comprar detergentes, pão… Levo o que me é preciso. Prefiro vir aqui do que a certos sítios, com mais confusão”, diz.
Já Tânia Rodrigues, de 44 anos, é particularmente apreciadora do pão, que é fornecido por meia dúzia de padeiros da região, da charcutaria, da fruta e dos legumes. “Encontro aqui produtos diferentes, de qualidade e de produtores locais. Para mim, são factores que contam”, aponta a mulher, residente na Guimarota e que é cliente da Mercearia do Quim há cerca de 12 anos. “Por norma, venho duas vezes por semana”, conta, destacando também o atendimento, que “é mais personalizado do que nas grandes superfícies”.
A mercearia está na família de Pedro Joaquim há cerca de 35 anos. “O meu pai, que era mecânico, comprou-a à sociedade com o irmão. Seria para as mulheres assumirem o negócio. Na altura, ele tirou uns dias de férias para abrir a loja, mas acabou por ficar até à reforma”, recorda Pedro, de 43 anos.