O Radar Social da Nazaré concluiu o diagnóstico social, o plano de desenvolvimento social e o plano de acção para implementar o sistema de informação que identifique, pessoas, famílias e grupos, em situação de vulnerabilidade social e/ou em risco de pobreza e exclusão social no concelho. Segundo o município, iniciado a 1 de Agosto deste ano, o Radar resulta de uma iniciativa integrada no Plano de Recuperação e Resiliência português, financiado pela União Europeia, “que visa enfrentar as complexas realidades sociais, especialmente em comunidades vulneráveis”.
Entre outros indicadores, o documento informa que a população do concelho é constituída por 15.119 habitantes (dados de 2022) e que o envelhecimento da comunidade é um “desafio demográfico significativo”, já que a média de idades é de 46,2 anos. Ainda que tenha um impacto demográfico “consideravelmente menor quando comparado com outras áreas do País” (em 2001, a Nazaré registava um total de 1.290 residentes estrangeiros), a migração desempenha um papel importante na dinâmica populacional do concelho, com um fluxo considerável de imigrantes provenientes de países como o Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, que contribuem para a diversificação da comunidade local.
“O Agrupamento de Escolas da Nazaré tem-se adaptado para responder à diversidade de alunos e às suas necessidades educativas”, reconhece este documento. O agrupamento registou um aumento do número de alunos, passando de 1.503 em 2021 para 1.552 em 2023. “Este crescimento reflecte a chegada de alunos migrantes e de famílias economicamente vulneráveis, sublinhando a importância de uma resposta educativa inclusiva e orientada para a integração social”, acrescenta o Radar Social.
Dependência do turismo
O rendimento bruto por habitante na Nazaré é de 872 euros, o mais baixo entre as regiões comparadas (Centro e Oeste), “reflectindo a realidade económica local marcada por rendimentos mais baixos e uma possível dependência de actividades económicas com menores margens de lucro, como a pesca e o turismo sazonal”, aponta o documento.
As instituições envolvidas no diagnóstico social de 2024, membros do CLAS e outros agentes sociais, “sublinham a crescente pressão sobre os serviços sociais, a desigualdade socio-económica e as infra-estruturas limitadas, principalmente no que diz respeito ao apoio às populações mais vulneráveis, como crianças, jovens e idosos”. O documento reforça a “importância de investir em infra-estruturas e diversificar a economia local, áreas identificadas como oportunidades no contexto da análise SWOT”.
E o turismo, “embora seja um ponto forte, também é uma das maiores vulnerabilidades da Nazaré, devido à sua dependência excessiva desse sector. A diversificação económica, com enfoque em sectores como a formação profissional e o apoio social, é fundamental para mitigar os impactos das crises globais, como a pandemia e as alterações climáticas”, salienta o Radar Social.
“As problemáticas levantadas, nomeadamente a escassez de recursos humanos, o envelhecimento populacional, o aumento da procura por serviços de saúde e sociais, e a necessidade de melhorar a formação e qualificação dos desempregados, revelam um cenário que requer uma intervenção coordenada entre as entidades públicas e privadas. Neste sentido, a articulação entre o município, as instituições sociais e os agentes económicos deve ser reforçada para garantir uma resposta mais eficaz e integrada”, indica ainda.