Usar avatares no tratamento da depressão ou de alucinações auditivas… À primeira vista, pode parecer ficção científica, mas esses são alguns exemplos da utilização da realidade virtual no combate a problemas de saúde mental, que já estão a ser postos em prática, nomeadamente, no tratamento de fobias ou de perturbações de stress pós-traumático.
O assunto foi tema da intervenção de Teresa Souto, docente da Universidade Lusófona do Porto e investigadora do Laboratório de Reabilitação Psicossocial da Universidade do Porto, durante um seminário sobre saúde mental realizado, na semana passada, em Ourém.
“A aplicação da realidade virtual no domínio da saúde mental já é uma realidade”, afirmou Teresa Souto, que sublinhou as vantagem desta prática no combate às fobias. “A pessoa é colocada num ambiente que recria a circunstância que lhe desperta um medo inibidor. É mais fácil do que pedir que se imagine na situação. A pessoa sabe que, se a ansiedade atingir níveis insuportáveis, pode sair da situação, o que lhe dá uma sensação de segurança”, explicou a investigadora.
Teresa Souto realçou ainda as mais-valias do uso da realidade virtual no combate a perturbações de stress pós-traumático, com possibilidade de “colocar o indivíduo num cenário próximo daquele que lhe provocou o problema”, ajudando-o a “falar do que sente, das suas memórias”.
Segundo a docente, nos EUA e no Canadá já existem cerca de 60 hospitais de veteranos de guerra onde esta prática está a ser usada como “complemento às terapias convencionais”.
Durante a sua intervenção, Teresa Souto referiu também experiências feitas no Reino Unido com o uso de avatares no tratamento de depressão. Segundo explicou, “os pacientes são projectados numa realidade virtual em que são estimulados a demonstrar compaixão com o avatar”. Depois, “invertem-se os papéis”, sendo que, “pós algumas representações, houve uma redução da severidade da depressão”.
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