Redes na Escola Dá o Salto! é o novo projecto de um consórcio que integra a associação InPulsar, a Câmara de Leiria e a Global Diáspora com um único objectivo: combater o insucesso escolar dos alunos do 5.º ao 12.º ano das escolas da rede pública do concelho de Leiria, com idades entre os 10 e os 18 anos.
“Chama-se Redes na Escola Dá o Salto!, porque é isso mesmo que queremos implementar no jovem: que tenha a capacidade de dar o salto e que nós sejamos, de certa forma, o trampolim”, assume Emanuel Pestana, coordenador do projecto, que conta com o financiamento do Portugal Inovação Social.
Num diagnóstico realizado no final de Dezembro de 2024 em todas as escolas públicas de Leiria foram sinalizados 270 alunos com retenção ou em trajetória de retenção. Os dados vão agora ser actualizados, uma vez que durante cerca de seis meses “muita coisa pode ter mudado”.
Emanuel Pestana revela que 30% dos jovens identificados são de origem brasileira, daí o papel da Global Diáspora, que poderá funcionar como mediadora e quebrar barreiras até de comunicação. “Queremos ser a ponte entre os autóctones e quem vem de fora, poder funcionar como um tradutor, porque, por vezes, há dificuldade em perceber como funciona a escola aqui”, explica Geraldo Oliveira.
Acreditando que pode ser uma mais-valia na integração dos imigrantes, este brasileiro revela que “só no Agrupamento de Escolas de Colmeias, em cerca de mil alunos, 18% são estrangeiros e entre estes 80% são brasileiros”. O projecto arrancou no dia 2 de Setembro e tem a duração de três anos lectivos.
No final, o objectivo é alcançar uma redução de 25% no insucesso escolar. “Não queremos ser um projecto para números, mas, acima de tudo, para os alunos, trabalhando na trilogia: comunidade, escola e família. Acreditamos que se estes três vértices funcionarem bem, não serão precisas estas equipas”, assume Emanuel Pestana.
A sinalização do alunos é feita essencialmente pelo director de turma. O caso é analisado e, se cumprir os requisitos, passa a ser acompanhado pela equipa multidisciplinar – assistente social, educadora social, psicólogas. É realizado um diagnóstico psicossocial e, em seguida, estabelecido o plano de intervenção.
A intervenção assenta em três eixos, entre os quais o acompanhamento individualizado social e ao nível da psicologia, com mediação social nos diferentes contextos. Está também prevista a activação das redes comunitárias, onde poderá ser possível fazer pontes a nível artístico ou desportivo e capacitar a comunidade escolar para as “boas práticas, promoção ou sucesso educativo”.
O Redes na Escola disponibiliza um conjunto de 12 actividades, que serão adoptadas durante o plano de intervenção, mas sempre adaptadas ao contexto de cada agrupamento. Sendo um projecto de inovação, Emanuel Pestana aponta a inclusão da arte como forma de motivar e ultrapassar as dificuldades do aluno, permitindo-lhe “adquirir outras competências e acreditar em si”.
“Temos de perceber o que leva aquele aluno a não ter motivação para estar na escola e ir ao encontro dos seus gostos. Perguntar-lhe o que gostaria de fazer na escola. Se conseguirmos proporcionar isso seria excelente”, assume, explicando que a arte, tal como o desporto, pode surgir em articulação com a comunidade.
O número
270
Dezembro de 2023 com retenção
ou estando em risco de chumbar