A saída de especialistas de medicina familiar para o sector privado e a reforma de muitos estão a deixar os utentes do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACeS) Pinhal Litoral sem médico de família. A mais recente situação verifica- se nos Milagres, cujo médico entrou este mês na aposentação.
O ficheiro com cerca de duas mil pessoas é agora acompanhado pelos restantes clínicos da unidade funcional de Regueira de Pontes, Souto da Carpalhosa e Ortigosa.
Marco Neves, director executivo do ACeS Pinhal Litoral, admite que a situação – idêntica ao resto do País – é “dramática”, mas tem procurado soluções através da contratação de médicos reformados e do pagamento de horas extraordinárias aos clínicos que acabam por ter de ficar com os doentes dos colegas que saíram.
“No dia 1 de Abril, o médico dos Milagres saiu para a reforma. Tinha um ficheiro de duas mil pessoas. O médico de Regueira de Pontes também já solicitou a aposentação, mas ainda não tem data. Temos dado a resposta possível para garantir a assistência a todos os utentes”, sublinha Marco Neves.
A Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) Flor do Liz tem sete ficheiros e apenas um não tem médico de família atribuído, acrescenta. O responsável confessa que os cuidados de saúde primários “têm uma pistola encostada” e “têm-se desenvolvido esforços internos para segurar os médicos internos e arranjar mais médicos que foram reformados”.
“O mercado de trabalho privado está muito agressivo. Desde o início do ano tivemos cerca de oito rescisões para o privado, além das saídas para a reforma. Até ao final do ano devem sair entre oito a dez clínicos”, revela.
Segundo o director executivo, estará para muito breve a abertura de um novo concurso, que espera que abra um número significativo de vagas para o AceS Pinhal Litoral, de modo a colmatar as falhas que existem em vários territórios, nomeadamente na UCSP Cidade e as Serras ou na UCSP de Porto de Mós.
Um terço da população de Porto de Mós sem médico
Mais de 30% da população de Porto de Mós não tem médico de família. O problema faz-se sentir, sobretudo, na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) da sede concelho, que abrange também as freguesias de Mendiga/ Arrimal, Mira de Aire e Alqueidão da Serra, onde dos 16 mil inscritos, cerca de 7.500 estão sem médico.
Os números são avançados num comunicado da coordenadora da UCSP, segundo o qual faltam cinco médicos – dois em Porto de Mós, um em Mira de Aire, um em Arrimal/ Mendiga e um em Alqueidão da Serra.
A responsável da UCSP adianta que foram pedidas essas vagas para o próximo concurso nacional, que “será só em Agosto”. A equipa da UCSP necessita ainda de um enfermeiro e dois administrativos, informa o comunicado, que sublinha os “esforços” que estão a ser desenvolvidos para “minimizar o problema, através da alocação de horas médicas provenientes do exterior e de garantir a alocação dos cinco médicos em falta na UCSP de Porto de Mós”.