Com seis testemunhos já recolhidos, Ourém é o concelho da região com maior número de denúncias recebidas pela comissão independente criada pela Igreja Católica para fazer o levantamento de abusos sexuais por parte de membros do clero.
De acordo com o mapa concelhio da distribuição de casos, foram ainda registados depoimentos de pessoas residentes nos concelhos de Leiria, Alcobaça, Caldas da Rainha e Porto de Mós.
Informação disponibilizada ao JORNAL DE LEIRIA pelo grupo de trabalho, indica que depois de Ourém segue-se o concelho Leiria com maior número de testemunhos apresentados, com cinco, enquanto Caldas da Rainha e Alcobaça registam, cada um, dois casos. Houve ainda uma participação feita por uma pessoa de Porto de Mós.
“O mapa de concelhos é interessante. No entanto, não mede uma realidade (de abusos), mas sobretudo a sua visibilidade, a maneira como o nosso apelo tem chegado às várias regiões do País. Tudo isto são pontas de iceberg e há muito para vir ao de cima. Leiria não é excepção”, salienta o esclarecimento da comissão enviado ao JORNAL DE LEIRIA.
A nível nacional, a equipa coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht contabiliza 365 denúncias, tendo sido já validados 338 testemunhos. Destes, 17 casos seguiram para o Ministério Público. Os dados foram apresentados, na semana passada, numa conferência de imprensa de balanço de seis meses de actividade da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa.
“Já todos sabem que houve casos de abusos sexuais em Portugal”, afirmou Pedro Strecht, citado pela agência Lusa, alegando que o trabalho feito até agora comprova que passam-se décadas desde o momento do abuso até a vítima fazer a denúncia ou falar sobre o que lhe aconteceu, defendendo, por isso, que é importante continuar a denunciar.
A comissão, criada a pedido da Igreja Católica portuguesa, tem desde Janeiro deste ano, uma linha linha telefónica (91 711 00 00), que funciona entre as 10 e as 20 horas. Do outro lado, estão uma psicóloga e uma assistente social. Até à ultima semana, o serviço recebeu 214 contactos, 83 dos quais efectuados por vítimas de abuso sexual.