A região de Leiria é um território privilegiado para a transição energética, que urge acelerar no País e na Europa. Neste distrito concentram-se efluentes de pecuárias e resíduos de indústrias, que são matéria-prima na produção de biogás, mas há também empresas e centros de saber que trabalham na investigação e no fabrico de artigos inovadores de diferentes tipos de energia verde. São condições que podem favorecer a captação de mais empresas e de investimentos desta natureza.
Esta é a percepção da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, da Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei), também das empresas E-Redes, Infrasol, Tecneira, PRF e Molgás, que na passada terça-feira se juntaram no Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP), na Marinha Grande, para lançar o Núcleo Colaborativo para a Energia Verde – Região [LER_MAIS]de Leiria, na presença do ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro.
O Núcleo Colaborativo NCGREEN-ENERGY.PT é uma rede de competências de I&D, e de novas tecnologias, formada “com o desígnio de criar novos processos e produtos que contribuam para a disseminação de novas fontes de energia renováveis na região de Leiria”, nas áreas da energia solar, eólica, biogás e hidrogénio verde.
Entre outras metas, este núcleo visa: atingir um balanço energético zero da região, implementar sistematicamente a eficiência energética, incentivar as comunidades de energia, criar cursos técnicos especializados, promover uma conferência anual sobre a transição energética e promover uma associação de concelhos verdes, junto da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Compete ao Politécnico de Leiria coordenar o desenvolvimento do plano de acção estratégico para a economia verde na região, cujas actividades serão anunciadas a 28 de Julho, Dia Mundial da Conservação da Natureza.
Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, realçou que esta instituição tem a transição verde como uma das suas áreas estratégicas. Salientou ainda que o Politécnico de Leiria tem disponibilidade para formar, promover inovação e investigação na área da transição verde, como demonstram muitos dos projectos desenvolvidos no CDRSP, apresentados nesta mesma ocasião pelo director do centro, Artur Mateus.
O tema da energia tornou-se premente na sequência da guerra na Ucrânia, impulsionado também pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que aposta em energias renováveis como o hidrogénio e o biogás, exemplificou Gonçalo Lopes, presidente da CIMRL. O autarca está convicto que esta região tem a obrigação de dar o seu contributo, até pelo impacto que tem na produção de resíduos. Resíduos que podem ser também “factor de aceleração” de empresas de energia renovável que se instalem neste território.
“Temos pressão dos resíduos agro-industriais da região, que poderão ser transformados em energia”, considerou também Paulo Batista Santos, primeiro secretário executivo da CIMRL. Recorde-se que, em Maio de 2021, Gonçalo Lopes, na qualidade de presidente do Município de Leiria, já defendia que poderia ser feita a valorização de efluentes agropecuários, com a instalação de empresas apostadas na produção de biogás ou de adubos, a instalar junto das agro-indústrias ou próximo da ETAR do Coimbrão.
Duarte Cordeiro recordou que existe investimento de 8 mil milhões de euros em mais de 70 projectos de hidrogénio renovável já identificados e localizados um pouco por todo o País. Recordou que o PRR prevê a subsidiação de projectos de hidrogénio verde e de outros projectos de gases renováveis em 185 milhões de euros. Mencionou ainda leilões lançados pelo Governo para a dinamização de centrais fotovoltaicas.
A transição verde é um eixo de desenvolvimento do País, que gera mais empresas, mais fileiras e serviços, criando mais empregos, realçou. Muitos destes projectos podem ser localizados nesta região, onde existe já matéria-prima, defendeu o governante. O ministro lembrou ainda a recente aprovação do regime jurídico que facilita a participação de empresas e de famílias na produção de energia verde.