A Resipinus (Associação de Destiladores e Exploradores de Resina, sediada em Leiria), bem como a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, o Politécnico de Leiria, as empresas Dreamplas (Marinha Grande) e Vieirifabril (Pombal) integram o RN21, consórcio de 37 entidades de todo o País, liderado pela consultora ForestWISE, que, até Dezembro de 2025, terão financiamento de cerca de 30 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para valorizar a fileira da resina nacional.
Marco Ribeiro, presidente da Resipinus, explica que o projecto assenta sobre três pilares. O primeiro é a extracção de resina. Neste campo, prevê-se a realização de estudos que melhorem a produtividade, a mecanização de algumas tarefas, a adopção de sistemas mais eficientes de recolha, [LER_MAIS]que se traduzam em mais qualidade e quantidade de resina obtida; também a qualificação e a quantificação do valor das profissões e dos serviços associados à extracção, bem como ensaios para a melhoria genética dos pinheiros.
No segundo pilar, pretende-se trabalhar na melhoria dos processos da indústria de transformação, na pesquisa de novos mercados e novas aplicações ou produtos à base de resina.
O terceiro pilar compreende a promoção da comunicação, do marketing e a elaboração de artigos científicos.
Na medida em que o Governo considera a resina, o calçado e os têxteis como sectores estratégicos, a ideia é também que o consórcio RN21 dialogue com empresas de outros sectores, no desenvolvimento de novos sub-produtos de resina, que possam ser integrados nas indústrias têxtil e de calçado, acrescenta o presidente da Resipinus.
Entre outras missões, cabe a esta associação formar 150 novos resineiros até 2025, e criar um espaço físico para o efeito, trabalhar na certificação da Resipinus como entidade formadora, agregar informação científica e liderar os estudos sobre o valor social e económico das actividades relacionadas com a extracção, e desenvolver também um protótipo mecanizado para substituir tarefas manuais (em particular, a tarefa de desencarrasque).
Inicialmente projectada para o Parque do Engenho, na Marinha Grande, a Academia do Resineiro deverá afinal instalar-se numa casa florestal em Vila Pouca de Aguiar (distrito de Vila Real), adianta Marco Ribeiro.
A complexidade do envolvimento da Câmara da Marinha Grande, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e do Fundo Revive Natureza no Parque do Engenho dificilmente permitiria que a academia pudesse ser criada rapidamente, o que poderia custar à Resipinus a perda de apoio financeiro para esse fim, justifica o presidente.
À luz do RN21, a Vieirifabril – Indústria e Comércio de Resinas, de Hilário Costa, obteve financiamento para avançar com dois projectos: a valorização da carrasca, um resíduo que a empresa pretende reutilizar, tornando-a fonte de energia; e o desenvolvimento de um sistema de triagem/decomposição das denominadas lamas, para que parte deste resíduo tenha reutilização.
Já a Dreamplas, que se dedica à concepção, produção e comercialização de produtos plásticos, está a desenvolver um sistema alternativo aos tradicionais púcaros e sacos, capaz de tornar a recolha de resina mais eficiente e com qualidade superior, adianta Cyril dos Santos, sócio-gerente da empresa.
Hilário Costa, que se mantém nos corpos sociais da Resipinus, foi, até há pouco tempo, o presidente da associação. Aos seus sucessivos alertas se deve a inclusão da fileira da resina no conjunto de projectos apoiados pelo PRR.
Salienta que a produção nacional de resina já foi, nos anos 70 e 80, superior a 100 mil toneladas. Hoje, situa-se nas 7 mil toneladas e, mesmo assim, é pouco solicitada pela indústria de segunda transformação portuguesa, que recorre à importação.
Considera, portanto, que é essencial que alguma entidade reguladora fiscalize e oriente a indústria de segunda transformação para a compra de resina nacional, sob pena de todo este investimento, que também contemplou essas indústrias transformadoras, não surtir qualquer efeito.