Por é que se recandidata?
Primeiro, porque, estes últimos quatro anos foram muito exigentes, felizmente, com muitos resultados colectivos importantes, como uma melhoria e um reconhecimento da qualidade do Politécnico de Leiria enquanto instituição de ensino superior pública de referência nacional e, cada vez, mais internacional. Mas também porque muitas destas conquistas necessitam de continuidade. Tenho o compromisso e a responsabilidade de estar disponível para muitos projectos aprovados. Tenho as condições e o reconhecimento da comunidade académica e da sociedade, de um modo geral. Acredito que hoje ainda estou melhor preparado do que há quatro anos para afirmar o Politécnico de Leiria como instituição de ensino superior de referência.
De forma sucinta, quais as principais linhas do seu programa de acção?
Continuar a afirmar a génese e a matriz do Politécnico de Leiria como instituição de ensino superior em que o conhecimento está, de facto, ao serviço da sociedade e continuar a ter impacto na transformação da região. Tenho um compromisso com a transformação do ensino superior, cada vez mais, com inovação pedagógica, com flexibilidade curricular, para além das competências técnicas e científicas ao serviço da sociedade. Pretendo que os nossos estudantes, sejam cada vez melhores cidadãos e com competências transversais. É preciso continuar o investimento na valorização das pessoas, professores, técnicos e investigadores e a lutar para a afirmação internacional, dando continuidade à Regional University Network, liderada pelo Politécnico de Leiria. A aprovação da iniciativa legislativa de cidadãos que alterará a designação para Universidade Politécnica de Leiria e permitirá ter doutoramentos é uma grande conquista e trabalharei para a sua concretização. Tivemos um PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] aprovado de 8,7 milhões euros. Um dos objectivos será ter uma nova Escola Superior de Educação e Ciências Sociais [ESECS], ter um verdadeiro hub de inovação e saúde em Leiria, mas também executar a substituição do fibrocimento na ESECS e crescer no número de estudantes. Hoje temos mais de 14.000 estudantes e dentro de quatro anos ambiciono ter mais de 16 mil. O Politécnico tem condições para crescer e afirmar-se ainda mais na região, no país e no mundo. É necessário continuar a ter centralidade criativa, artística e cultural e responsabilidade social. Ter cada vez mais investimentos na transformação em relação à sustentabilidade. Temos projectos candidatados para a eficiência energética no âmbito do PRR, que quero executar para diminuir a pegada carbónica, como ter unidades piloto para auto-consumo de energia.
Há verba para todos os projectos?
Temos uma situação orçamental muito equilibrada, sobretudo, porque também crescemos muito nos últimos quatro anos nas receitas próprias. Quarenta e cinco por cento do orçamento do Politécnico é de receitas próprias. Queremos continuar a aumentar o número de estudantes internacionais, o que aumenta muito as nossas receitas próprias, e aumentar os projectos financiados e as prestações de serviços nacionais e internacionais. Somos muito sub-financiados pelo Orçamento do Estado. Continuarei a lutar por um financiamento condizente com o que fazemos. Temos oportunidades únicas para estes quatro anos. Não há tempo para hesitações, retrocessos e para uma instituição fechada. Pelo contrário, tem que ser uma instituição aberta, plural e que aproveita as oportunidades no PRR.
Durante o seu mandato enfrentou dois anos de pandemia. Houve algo que não conseguiu concretizar?
Em quatro anos, dois anos e meio foram em contexto pandémico. Foi um contexto completamente imprevisível, surpreendente e muito difícil, que nos obrigou a tomar decisões também elas complexas e difíceis. Mas, felizmente, não me arrependo de nenhuma das decisões tomadas em relação à pandemia. Tivemos a capacidade de proteger a nossa comunidade académica, de não alterar o rigor e a exigência e simultaneamente conseguimos dar uma resposta à região. Isso é algo que muito me orgulha. Em duas semanas, criámos um centro de diagnóstico para a Covid-19, certificado pelo Instituto Ricardo Jorge [Peniche], montámos com os municípios as áreas dedicadas à Covid, estivemos na produção de viseiras e na liderança da sua distribuição na região como um todo. Se não tivéssemos uma pandemia, teríamos estado a executar outras coisas, a acelerar alguns projectos, mas neste contexto tivemos também coisas absolutamente únicas. A aprovação da universidade europeia foi uma ambição que se calhar no início só eu é que acreditava. Com o que já temos aprovado, vamos conseguir fazer a requalificação do hubde inovação em saúde, ter uma learning factory e requalificar um edifício no Campus 2, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão e outro Escola Superior de Artes e Design. Vamos conseguir ter novos espaços pedagógicos na ESTM [Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar] e vamos iniciar a construção da nova ESECS, criando um único campus pedagógico em Leiria, conectado por mobilidade suave, ciclovias e por vias pedonais.
Como reage às críticas que apontam que dá pouca importância à carreira dos docentes e investe pouco nas condições de professores e alunos?
São críticas altamente injustas e basta olhar para os factos e para os números. Nunca na história do Politécnico de Leiria houve um investimento tão grande nas pessoas: mais de uma centena de concursos que foram abertos para professores adjuntos, professores coordenadores, professores coordenadores principais. Basta verificar os números que tínhamos em 2018 e nunca na história houve este investimento tão grande de uma valorização das carreiras, mas também na abertura de lugares do corpo técnico e de dirigentes intermédios. Valorizámos a contratação, contratando dignamente os doutores, os especialistas como professores adjuntos convidados. Basta verificar como cresceu a despesa com os recursos humanos, porque entendemos que só com pessoas é que conseguimos dar resposta. Os estudantes estão no centro da nossa actividade. Basta ver a empregabilidade, os projectos do empreendedorismo, a ligação dos estudantes ao território e as oportunidades criadas para os estudantes na mobilidade internacional. Na Universidade Europeia, toda a nossa actividade é centrada nos estudantes, portanto, também o investimento em relação a estudantes é notável. Estamos a fazer este investimento nas residências dos estudantes e aumentámos o número de estudantes com apoio do Fundo de Apoio Social aos Estudantes. É muito fácil dizer mal, não havendo contraditório. Os números falam por si e a sociedade e a região também o sentem. O Politécnico está em todas as frentes da formação dos alunos no ensino superior.
É uma forma de dar resposta a todos?
Exactamente. Queremos ter TESP [cursos técnicos superiores profissionais], licenciaturas, mestrados, doutoramentos, pós-graduações, cursos curtos, porque acreditamos que temos a capacidade, a competência e centros de investigação e estruturas científicas. Existe também a conexão com o território e com as empresa e instituições. Queremos ter doutoramentos de interface, que dêem resposta a necessidades concretas. Assim, os projectos que desenvolvermos estarão em linha com as necessidades de gerar impacto directo na valorização de produtos, serviços ou processos nos mais diversos sectores económicos, sociais, de saúde, ambientais ou outros.