A galáxia de Andrómeda, a 2,54 milhões de anos-luz do planeta Terra, e o cometa Pons-Brooks, que só regressa em 2095, destacam- se na exposição que se inaugura domingo, às 16 horas, em Leiria.
O Espaço Dentro de Nós reúne 18 fotografias de Rui Santos e é a primeira exposição individual do fotógrafo de Leiria, especializado em fotografia nocturna, e, em especial, na astrofotografia de paisagem com grande angular e na astrofotografia de céu profundo.
Até 9 de Março, no m|i|mo – museu da imagem em movimento, há registos da Via Láctea e de outras galáxias, de cometas (como o Tsuchinshan-Atlas, apelidado de “cometa do século”) e de nebulosas, captadas através de câmara ou telescópio, nos últimos dois anos, em várias regiões de Portugal, incluindo a Mata Nacional de Leiria.
A fotografia em destaque no cartaz da exposição, por ser, na opinião do autor, “a mais apelativa”, com o título “Magnum Opus”, ou seja, obra-prima, mostra um lago protegido por pinheiros de ambos os lados, numa herdade em Monsaraz, na época de Verão, sob o arco da Via Láctea. É o céu “com mais detalhe” já obtido por Rui Santos, que tem imagens partilhadas pelas revistas National Geographic, Sky and Telescope e Astronomia, pela Nasa e pelas plataformas Earthsky e The World at Night.
Autodidacta, fundou em 2020 o projecto Living Impressions, que o leva a comportar-se, frequentemente, como um caçador longe de casa em busca da presa mais desejada. “Para fazer aqueles que considero serem os meus melhores trabalhos, tenho mesmo de sair daqui da região, pelo menos, da zona da cidade, para conseguir ter um vislumbre do que é um céu com qualidade, nocturno”, explica ao JORNAL DE LEIRIA. “O interior do país”, “o Alentejo” e as “serras” são destinos favoritos para fugir das luzes urbanas e corresponder ao “gosto especial por paisagens com árvores a perder de vista”.
O processo é demorado – “tenho imagens que chegam a quatro horas”, diz Rui Santos, já várias vezes premiado em Portugal e no estrangeiro – e só está completo depois da pós-produção. “É inevitável em astrofotografia para a fotografia se destacar”, assinala.
O Espaço Dentro de Nós, lê-se na nota de divulgação, proporciona uma analogia entre a magnitude do universo e a infinitude dos sonhos e, por outro lado, incita à reflexão sobre a ligação da espécie ao espaço sideral. Contemplar “a dimensão destes céus”, resume Rui Santos na conversa com o JORNAL DE LEIRIA, constitui “uma forma de meditação, de questionar todas aquelas coisas que nos são transversais como humanos”.