O Santuário de Fátima emitiu esta quinta-feira um comunicado a refutar algumas das críticas à actual gestão do templo da Cova da Iria, formuladas pelo ex-reitor, monsenhor Luciano Guerra, em entrevista exclusiva ao JORNAL DE LEIRIA.
No documento, com 10 pontos, os responsáveis do Santuário começam por afirmar que respeitam o passado e a obra deixada pelo ex-reitor, mas explicam que esta política de investimentos, “que passou sobretudo pela construção de grandes espaços celebrativos”, consome agora “grande parte dos recursos orçamentais”, devido à necessidade de os administrar, manter e conservar.
Salientando que a difusão da Mensagem de Fátima, o acolhimento aos peregrinos e o cuidado dos mais frágeis, continuam a ser as principais prioridades da actual reitoria, esclarecem que “essa missão fundamental não exclui, antes exige, uma gestão profissional, adaptada às exigências de hoje, sempre comprometida com o bem comum e com a dimensão social”.
Em relação às contas (que dizem estar equilibradas) e aos despedimentos, referem que, apesar dos anos difíceis que se viveram após 2008 e mais recentemente com a pandemia, o Santuário nunca deixou de cumprir qualquer obrigação, desde logo com os seus funcionários.
O Santuário “não despediu nem forçou a saída de qualquer colaborador, apenas adaptou o seu quadro de pessoal às necessidades pastorais resultantes de um novo contexto, que obrigou a uma redução muito significativa da atividade em 2020, que se prolongou ainda durante o ano de 2021 e que só este ano de 2022, felizmente, começou a ser retomada”, pode ler-se no comunicado.
Neste contexto, os responsáveis pelo templo mariano consideram que as críticas formuladas pelo ex-reitor, na entrevista publicada esta quinta-feira pelo JORNAL DE LEIRIA, revelam “alheamento” da realidade do que é hoje a gestão do Santuário.
“A entrevista concedida agora pelo antigo reitor corresponde a uma opinião, que resulta de uma leitura pessoal, que respeitamos, feita a partir da sua realidade actual, onde se nota um alheamento do que é hoje o Santuário no contexto da Igreja e do mundo, que carece de fundamentação, e revela um profundo desconhecimento da actual gestão do Santuário e dos desafios com que se confronta”, acrescentam na mesma nota.
“O mesmo se pode dizer da pretensa ‘intelectualização’ da pastoral do Santuário, pois monsenhor Luciano Guerra foi um homem de cultura, que convidou alguns dos mais reputados artistas nacionais, e até internacionais, a interpretar a mensagem e a materializá-la em obras de arte e iniciou os congressos internacionais que reuniram na Cova da Iria grande parte dos teólogos pensadores da contemporaneidade. O Santuário não esquece e valoriza este seu precioso contributo”, sublinham.
A terminar, a actual reitoria conclui que “em mais de um século de história, Fátima experimentou muitas dificuldades e saiu sempre mais forte, apesar das opiniões e da vontade dos homens. E os peregrinos são os primeiros a testemunharem esta fé, esta confiança”.