Longe dos 6,7 milhões de peregrinos que recebeu em 2019, o Santuário de Fátima registou, no ano passado, 2,4 milhões de participantes nas suas celebrações. Esta quebra, resultante das restrições impostas pela pandemia, fez-se sentir também na situação financeira da instituição.
Comparando com 2019, o último ano antes da pandemia, o Santuário contabilizou receitas na ordem dos 15 milhões de euros, o que representa uma quebra de 26% face a 2019, ano em que os proveitos se aproximaram de 20,4 milhões de euros.
Os dado foram revelados esta tarde pelo reitor do Santuário, o padre Carlos Cabecinhas, durante o encontro anual de hoteleiros e responsáveis de casas que acolhem peregrinos, que não se realizava há dois anos.
Esta foi a primeira vez que a instituição divulgou dados financeiros neste evento, que vai já na 43ª edição. Uma decisão que o reitor justificou com “o esforço de transparência”, também “em resposta ao apelo do Papa” nesse sentido.
Sublinhando que os dados de 2021 são ainda provisórios, uma vez que as contas só serão fechadas “entre Abril e Maio”, Carlos Cabecinhas destacou ainda o “esforço” de redução de gastos, que totalizam 14,2 milhões, quando em 2019 tinham sido 18,9 milhões.
Os gastos com pessoal representaram a maior fatia das despesas no último ano, somando cinco milhões de euros, ou seja, menos um milhão do que em 2019. A este propósito, Carlos Cabecinhas realçou o “esforço” para garantir a manutenção dos postos de trabalho “sem ajuda externa e diminuir gastos sem ter de recorrer a despedimentos”.
No ano passado, houve quase 72.400 pessoas a deslocarem-se a Fátima em peregrinações organizadas, das quais 48.780 de nacionalidade portuguesa. Entre os estrangeiros, os espanhóis continuam a ser em maior número, com 13 mil peregrinos. Seguem-se os peregrinos oriundos da Polónia (2.450) e de Itália (1.326). Fora da Europa, nota para a quebra abrupta dos peregrinos asiáticos, de onde houve apenas 14 grupos a vir a Fátima, quando em 2019 tinham sido 481.
Na sua intervenção, o reitor deixou ainda uma mensagem de optimismo, convicto que “um novo ciclo” se abre em Fátima, com a retoma já sentida nos últimos meses de 2021 e com a “presença do Papa Francisco” no próximo ano por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, “como é sua vontade expressa”.