O entusiasmo é contagiante sempre que os utentes da Cercina são desafiados a participar na rádio. Emprestam a sua voz a jingles, aos anúncios, fazem entrevistas, são eles próprios entrevistados e dão eco às questões da deficiência e do direito à integração, através do programa Voz da Igualdade, emitido semanalmente pela Rádio Nazaré.
“O que eu mais gosto é entrevistar pessoas. Por mim, até o fazia mais vezes”, conta Thierry Batista, de 37 anos, beneficiário do lar residencial da Cooperativa de Ensino, Reabilitação, Capacitação e Inclusão da Nazaré. Os últimos dias, que o têm afastado desta rotina, são dos piores contratempos trazidos pela pandemia.
“Gosto de saber o que as pessoas fazem nos tempos livres e na sua profissão”, explica o utente, que se orgulha de ter já entrevistado personalidades ilustres. “Um deles foi Joaquim Pequicho”, recorda Thierry, referindo-se ao presidente da própria Cercina. Rogério Cação, já falecido, então presidente da Confederação Cooperativa Portuguesa, também faz parte dessa sua lista de entrevistados notáveis.
“Tenho irmãos que vivem no estrangeiro e que me telefonam a dizer que me ouvem”, congratula- se. E quando não é dia de fazer rádio, é dia de desfrutar dela. “Gosto de ligar para pedir músicas e para fazer dedicatórias” confidencia este fã de Xutos & Pontapés, [LER_MAIS]que gostaria de ser locutor ou talvez cantor.
Daniela Silva, de 32 anos, é outra presença regular na rádio. É utente do centro de actividades para a capacitação e inclusão da Cercina e trabalha no refeitório do Centro Social da Freguesia de Famalicão. Quando tem oportunidade, gosta muito de ir à rádio. Emprestou a voz a vários jingles e até já foi entrevistada.
E a sua foto em estúdio já correu mundo, quando a Inclusive Europe destacou esta iniciativa da Cercina como uma das 18 melhores práticas de inclusão a nível europeu.
O projecto Rádio em Movimento, explica Joaquim Pequicho, tem sido um veículo de integração e de sensibilização para as questões da deficiência, com um alcance que extravasa amplamente os limites do concelho.
A Cercina já tem feito emissões pontuais de vídeo, através das redes sociais, mas o objectivo é dar também consistência à programação audiovisual, adianta o presidente.
Num futuro próximo, a Cercina prevê criar o serviço de apoio domiciliário, duplicar a capacidade da residência autónoma e ampliar o centro de actividades para a capacitação e inclusão, projectos que deverão representar um investimento de 870 mil euros, entretanto já candidatados a apoios no âmbito do Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais.
Estes investimentos pretendem dar resposta a necessidades actuais da Cercina, expõe o seu presidente. Pelo que, mesmo que não obtenham apoio, terão de se concretizar, ainda que de forma mais faseada.