A venda de automóveis no primeiro semestre de 2018 atingiu o máximo da última década. Segundo dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), até Julho deste ano foram contabilizados 156 mil novos registos de propriedade de veículos, o que corresponde a um aumento de 5,4% face ao mesmo período do ano passado.
Para este número contribuiu, sobretudo, o mercado de carros ligeiros, que registou um crescimento de 5,5% para um total de quase 154 mil. Leiria acompanha a subida, tendo- se verificado um aumento de 26,9%.
Até Maio, últimos dados fornecidos pela ACAP ao JORNAL DE LEIRIA, foram registados 3783 automóveis no distrito, quando em igual período de 2017 os números se ficaram pelos 2980. Neste período, a Renault foi a marca com mais registos, seguindo-se a Peugeot e a Nissan.
No mesmo período de 2017, além da liderança da Renault (439), no topo da tabela de vendas tinham sido registados 299 Mercedes e 246 Volkswagen. Apesar do número ainda ser inexpressivo comparando com a compra de automóveis de outras marcas, de realçar que a marca Tesla, que se dedica ao negócio dos veículos eléctricos topo de gama, vendeu em 2018 mais do dobro do ano passado no distrito de Leiria.
Até Maio deste ano foram registados 13 veículos da marca Tesla no distrito de Leiria, mais do dobro do ano inteiro de 2017, quando as vendas não ultrapassaram os cinco automóveis, segundo a ACAP, com base no registo de propriedade de veículos ligeiros de passageiros novos.
Em relação a outras gamas, Renault, Mercedes e Peugeot foram as marcas de automóveis mais vendidas em Leiria, nos 12 meses de 2017. O crédito tem sido um dos principais motores das vendas. Segundo dados divulgados pelo Banco de Portugal e citados pelo Diário de Notícias, só em Maio foram concedidos quase 290 milhões de euros e foram feitos mais de 20 mil contratos de compra e venda.
Desde o início do ano até final de Maio, o número de novos financiamentos concedidos para comprar carro aumentou para mais de 89 mil. É um ritmo de quase 600 por dia. Foram emprestados mais de 1,26 mil milhões de euros nesse período, mais do triplo do registado há cinco anos. Face a 2017, a subida é de quase 200 milhões de euros.
Carlos Santos, administrador da Lizauto, concessionária da Renault em Leiria, confirma que há um ligeiro acréscimo de vendas, que estará relacionado com o “aumento do volume de vendas para o rent-a-car”. Já a venda dos veículos a retalho “está estável”.
Por seu lado, Nuno Roldão, administrador da Lubrigaz, concessionária das marcas Volkswagen e Skoda, revela que a melhoria do mercado não se fez sentir no universo Lubrigaz, devido, sobretudo, à dificuldade logística na entrega de viaturas.
Segundo explica Nuno Roldão, o porto de [LER_MAIS] Setúbal é a principal entrada das encomendas automóveis, mas está a ser monopolizado pela Auto-Europa. “Temos muitas viaturas no parque da Alemanha à espera de poder vir para cá. Acreditamos que a situação irá estabilizar no segundo semestre do ano. Nós, Lubrigaz, estamos ligeiramente melhores do que outros concorrentes, temos vendido o que temos em stock. A procura dos clientes tem sido bastante e existem muitas encomendas na fábrica. Acreditamos que no segundo semestre vamos repor o fluxo de vendas que não acompanhámos no primeiro, até porque não temos tido quebra de procura”, reforça.
Imposto não é agravado
O Governo vai anular o impacto do novo sistema de medição de emissões de CO2 no cálculo do Imposto sobre Veículos (ISV) assegurando que os preços dos automóveis ligeiros não irão subir em função de um aumento da carga fiscal a partir de 1 de Setembro.
No despacho, agora assinado pela tutela é referido que a Autoridade Tributária “deve apresentar, no âmbito dos trabalhos de preparação do Orçamento do Estado para 2019, uma proposta de revisão das actuais tabelas de ISV e de IUC e das normas que consagram isenções fiscais condicionadas a limites de emissões de CO2, ajustando-as aos níveis de emissões decorrentes do novo sistema WLTP".
Segundo o documento assinado pelo secretário de Estado das Finanças, “a transição do sistema de medição de emissões NEDC para o sistema WLTP deve ser acompanhada de ajustamento das actuais tabelas do ISV e do IUC, que serão actualizadas através do Orçamento do Estado para 2019, no âmbito do novo sistema de medições poluentes dos automóveis.
Nuno Roldão salienta que “quase toda a frota da Lubrigaz não será afectada” pelo agravamento do imposto sobre o C02 quando este entrar em vigor, uma vez que “já respeita as normas”. “Estamos também a preparar o lançamento de novas viaturas com energia alternativa, nomeadamente os carros eléctricos ainda este ano e no próximo. Estamos a acompanhar o mercado e até podemos vir a ultrapassá- lo nos próximos meses.”