Fez carreira nos sectores do imobiliário, da restauração e das telecomunicações, mas têm-se destacado também pelas causas sociais que abraçou, nomeadamente o apoio aos sem- -abrigo que vivem nas ruas de Montreal, a cidade canadiana que o acolheu há mais de 50 anos.
Natural de São Bento, no concelho de Porto de Mós, Hermínio Alves, mais conhecido por Herman Alves, tem-se dedicado ainda à divulgação da cultura portuguesa, estando actualmente empenhado na criação de 25 murais de Amália Rodrigues em cidades com grande representatividade da comunidade portuguesa.
A aventura de Herman Alves além-fronteiras começou aos 11 anos, quando acompanhou os pais rumo, primeiro, à Alemanha, onde estiveram apenas um ano, e depois ao Canadá, à procura de uma vida melhor. Estava, então, longe de imaginar que anos mais tarde viria a ser a esperança de muitos sem-abrigo, integrado num projecto de combate à pobreza.
O envolvimento de Herman Alves nesta causa começou em 1989, depois de um homem ter sido encontrado congelado no Parque Viger, um acontecimento que chamou a atenção para o problema dos sem-abrigo na cidade . “Um dia, encontrei umas senhoras que estavam a criar uma instituição, a Share the Warmth, para angariar ajuda para essas pessoas. Fiz-me voluntário. Ia com o meu camião buscar a roupa e levá-la para o armazém”, recorda.
Em pouco tempo, a organização estava também a fornecer refeições a crianças carenciadas e o espaço tornou- se pequeno. A solução passou pela compra de uma igreja anglicana, que foi convertida num centro comunitário, onde funciona também a sede da organização. “Em dez anos, conseguimos juntar mais de um milhão de dólares para o projecto, que tem vários programas de combate à pobreza. São apoiadas mais de 1200 pessoas”, conta Herman Alves, que, entretanto, deixou a direcção da Share the Warmth.
Continua, contudo, a apoiar a organização, promovendo anualmente um evento de angariação de fundos, através do Rotary Club de Montreal, “um dos clubes mais velhos do mundo, com 107 anos”, do qual é presidente. Nesta função, tem também auxiliado outras instituições sociais.
Criação de 25 murais de Amália A divulgação da cultura portuguesa é outra das causas de Herman Alves, tendo criado dois festivais culturais: The Montreal International Reggae Festival, em 1987, e o Festival des Rythmes du Monde, em 2003.
Abriu também uma sala de fado em Montreal, à qual deu o nome de Amália e é autor de dois livros (Breaking Stones Herman Alves e O burro que salvou o mundo), estando a terminar um terceiro, intitulado Uma história saborosa, que conta com a parceria com o chef Eddy Melo, que pretende “abordar a História de Portugal através da gastronomia”.
A sua empreitada mais recente é a criação de 25 murais de homenagem a Amália Rodrigues, para assinalar o centenário do nascimento da fadista. Os dois primeiros já estão concluídos: um em Porto de Mós, e outro junto ao Parque de Portugal, em Montreal, próximo da residência do músico canadiano Leonard Cohen.
Seguir-se-ão outras cidades com forte presença de comunidades portuguesas, como Toronto (Canadá), Fall River e New Bradford (Estados Unidos), Buenos Aires (Argentina) e Praia (Cabo Verde). Além de evocar a fadista, a iniciativa pretende homenagear a diáspora portuguesa espalhada pelo mundo. Por outro lado, “é também uma forma de apoiar os artistas, que, neste momento, devido à pandemia, estão a passar momentos difíceis”.
Nascido em São Bento, concelho de Porto de Mós, Hermínio Alves, mais conhecido por Herman Alves, saiu de Portugal com apenas 11 anos, acompanhando a família na aventura da emigração. Rumaram primeiro à Alemanha, mas um ano depois partiram para o Canadá onde se radicaram. Começou a trabalhar com apenas 14 anos, mas, já na idade adulta, retomou os estudos formando-se em comércio e administração. Em termos profissionais, explorou várias áreas. Teve negócios ligados à construção, ao imobiliário e à restauração. Aos 40 anos, mudou de vida. “Reciclei-me e, durante 15 anos, trabalhei como consultor, na área da informática, em duas grandes companhias de telecomunicações”, conta. Actualmente, gere o espaço cultural Amália Lounge, onde organiza espectáculos, mantendo-se no negócio da restauração. Todos os anos, regressa a Porto de Mós, para visitar os pais.