Aproximadamente há dois anos, a artista plástica Sílvia Patrício recebeu um conjunto de contos originais do escritor Gonçalo M. Tavares, a quem tinha desafiado e sugerido uma colaboração entre o texto e a escultura, depois de se conhecerem. O resultado da pesquisa a quatro mãos que é a primeira vez em que trabalham juntos pode agora ser visto, numa nova exposição, que é inaugurada esta quinta-feira, 12 de Dezembro, na Casa Comum – Reitoria da Universidade do Porto.
“Há muito que lia a obra dele”, diz Sílvia Patrício ao JORNAL DE LEIRIA. “Acho que a primeira coisa que li foi o Atlas do Corpo e da Imaginação, que para mim foi bastante importante e que continua a ser um livro importante, sempre que preciso de activar. É como um ginásio da criatividade e aquece o pensamento”.
A exposição 7 Contos Esculturas, disponível a partir de hoje para o público, com entrada livre, inclui sete esculturas em bronze da autoria de Sílvia Patrício, criadas a partir dos contos assinados por Gonçalo M. Tavares, que, segundo a artista de Leiria, a surpreenderam. “Na forma como os interpretei, eram como que pequenas cenas, ou seja, senti que estava num anfiteatro a observar o palco. Como se as personagens já lá estivessem. São momentos de uma história, que poderia ser longa, mas não é. No fundo, não havia nem um princípio nem um fim”.
Na abordagem de estilo figurativo desenvolvida para o projecto com Gonçalo M. Tavares, em que quis privilegiar uma leitura mais acessível, Sílvia Patrício procurou “acrescentar algo” ao “universo especial” do escritor, como “uma extensão do texto” ou um “prolongamento do movimento da acção”. E conclui: “Quando olhas para a escultura, não sabes o que antecedeu aquela personagem e o que se vai passar no futuro, mas o que interessa é o presente”.
Cada obra – de que há sete exemplares por peça – está sobre uma base de madeira em que surge inscrita a primeira frase do respectivo conto. A inauguração acontece às 17:30 horas.