Um simulador que permite mostrar os sintomas do envelhecimento está a ser utilizado pela ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social, evidenciado o processo de envelhecimento e as consequentes limitações que vão surgindo com a idade mais avançada.
Rui Pocinho, presidente da ANGES e docente do Politécnico de Leiria, explica que através de um simulador analógico é possível “verificar as alterações na audição, na visão, no equilíbrio e em todas aquelas que são as limitações articulares e musculares influenciadas pela idade”.
“O que temos feito é validar, através de protocolos de ciência, um conjunto de actividades com pessoas que estão em perfeita idade funcional – e muito longe da idade que se relaciona normalmente com o envelhecimento”, acrescenta Ricardo Pocinho.
O docente salienta que este simulador tem sido um “óptimo instrumento até de suporte ao ensino, formação e vocação”, permitindo a quem se dedica ao estudo do envelhecimento conhecer o “lado de lá”, pois a ferramenta dá o “feedback” ao ‘transformar’ as pessoas em idosos.
O equipamento é “baseado em distorção física da audição e da visão e depois tem alguns aspectos mecânicos que alteram a marcha”.
“Como simulador, conseguimos antecipar algumas situações que têm de ser alteradas no comportamento de técnicos com idosos, tendo muito melhores resultados, até na questão dos riscos. Quando levantamos uma pessoa com determinada imobilidade sem ter alguns cuidados, podemos estar a agravar lesões osteoarticulares ou musculoesqueléticas”, constata.
Para um fisioterapeuta, por exemplo, o simulador permitir-lhe-á perceber quais são as dificuldades que o utente está a ter.
Ricardo Pocinho aponta que quando se fala alto com as pessoas de mais idade não é só porque se acha que “são todas surdas”, mas porque “efectivamente se deixa de ouvir”.
A audição e a visão, afirma, começam a perder-se a partir dos 40 anos, “com uma nota clara de défice auditivo e visual, sobretudo, a partir dos 65 anos”.
O docente do Politécnico de Leiria revela que o projecto está numa fase de ‘upgrade’, o que irá permitir incrementar doenças ao simulador. “Dentro de menos de um ano conseguiremos simular pessoas com Parkinson, com diabetes, com retinopatia e com alterações na visão, com esclerose lateral amiotrófica. Nesta fase, estamos a simular apenas aquilo que é mecânico, o que vai acontecer de uma forma geral a todos”, diz.
Há um ano a testar o equipamento, será possível experimentar o simulador na feira da Saúde em Pombal, nos dias 16 e 17, no workshop de Bem-Estar do Utente na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria, no dia 21, e em várias cidades espanholas e brasileiras, em Outubro.
Esta ferramenta também participará, no dia 27 de Outubro, no Congresso Envelhecer nos Eixos – 2ª edição: Tempo, Trabalho e Felicidade, em Oliveira do Bairro.