Os deputados do PSD, eleitos pelo círculo eleitoral de Leiria, e a Comissão Politica Distrital do PSD de Leiria dizem reconhecer que “algo foi feito no que diz respeito ao combate aos fogos florestais, dotando o dispositivo de combate com mais meios materiais e recursos humanos”, mas que pouco mudou, comparativamente ao cenário de 2017, quando um fogo em Pedrógão Grande matou 66 pessoas, número que haveria de chegar aos 115 vítimas mortais, nos subsequentes incêndios desse ano.
Os parlamentares social-democratas identificam o ordenamento, a reflorestação, a organização da produção florestal, a mudança da paisagem rural, a reintrodução de espécies autóctones mais resistentes e de crescimento lento (em mosaicos florestais), como falhas e concluem: “tudo está por fazer…”
Adiantam que, embora o Governo tenha assinado protocolos com câmaras municipais e organizações de proprietários e produtores florestais, para a criação de AIGP (Áreas Integradas de Gestão da Paisagem) para operações integradas de gestão da paisagem (OIGP), “nada está feito”, excepto “o que estava feito pelas ZIF e outras organizações já anteriormente existentes”.
“A floresta está abandonada e a teimosia do Governo em defender a primazia da floresta de conservação, desvalorizando a floresta de produção, leva cada vez mais ao seu abandono e, consequentemente ao aumento dos níveis de perigosidade de ocorrência de incêndios rurais. O problema não está na forma, nos planos e estudos existentes ou em elaboração, o problema está na prática, pois estas políticas governamentais têm uma fraquíssima orientação para a produção, uma falta de visão empresarial, o que as torna erradas pois no terreno não há quem as implemente”, resumem os deputados.
Para tentar resolver a situação, o PSD defende o envolvimento dos proprietários, a colocação de técnicos especializados no terreno, para colaborar na organização e implementação de entidades gestoras.
Apoiar financeiramente os proprietários, sob pena de se perder “mais uma oportunidade, agora mais grave dado que, com o PRR e o próximo Quadro de Apoio, nunca houve tantos recursos financeiros para pôr a Reforma da Floresta no terreno”.
“Nos territórios que arderam em 2017, assistimos a uma regeneração natural totalmente desordenada e não controlada, com espécies exóticas e invasoras a ocupar os melhores solos e, ao aumento da carga térmica e biomassa, que os torna autênticos barris de pólvora, podendo transformar-se novamente no inferno de Pedrógão, com as consequências materiais e humanas infelizmente conhecidas.”
Os parlamentares recordam o processo judicial que está a decorrer, no seguimento dos fogos de Pedrógão Grande, para alertar que a culpa não volte a ser “atribuída aos autarcas ou aos bombeiros, pela inacção e incompetência do Governo na reabilitação, transformação e progresso destes territórios”.