O interesse de Sofia Gameiro pela investigação na área do cancro surgiu ainda na adolescência, “por motivos familiares”. Natural de Urqueira, Ourém, acabaria por se formar em Farmácia pela Universidade de Coimbra, fazendo depois o doutoramento em Ciências Farmacêuticas na Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos da América.
Actualmente, lidera um grupo de investigação do Center for Cancer Research (Centro de Investigação do Cancro), no National Cancer Institute (Instituto Nacional do Cancro), nos EUA, que procura desenvolver estratégias terapêuticas contra esta doença.
A oportunidade de Sofia Gameiro trabalhar nos EUA, onde está desde 2000, surgiu na recta final do doutoramento, quando entrou em contacto com a equipa do National Cancer Institute (NCI) com a qual trabalha hoje e ficou “fascinada”.
“A possibilidade de desenvolver estratégias terapêuticas contra o cancro no laboratório e iniciar ensaios clínicos para examinar a sua eficácia e poder, potencialmente, aumentar a vida e/ou qualidade de vida de um doente atingido por esta doença, num curto espaço de tempo, foi uma possibilidade única que não podia recusar”, conta a investigadora.
A equipa a que Sofia Gameiro se refere é o grupo de imunomodulação do Center for Cancer Research, que lidera desde o ano passado. “A imunomodulação consiste em explorar as alterações biológicas que ocorrem nas células cancerígenas quando estas são expostas mas sobrevivem à quimioterapia, à radioterapia ou outras modalidades de tratamento oncológico”, explica a investigadora.
[LER_MAIS] Sofia Gameiro explica que a missão do grupo passa por “explorar os mecanismos biológicos identificados para “maximizar a eficácia anti-tumoral”, combinado “as modalidades terapêutas que induzem a imunomodulação” com “imunoterapias, tais como vacinas” contra o cancro, anticorpos e outros agentes que promovem a destruição do tumor através do fortalecimento do sistema imunitário”.
Vacinas, uma arma importante no combate à doença
A investigadora tem também estudado a forma como as vacinas contra o cancro podem aumentar a eficácia de outras terapêuticas, como a radioterapia. Embora estejam ainda numa fase “emergente”, Sofia Gameiro acredita que as vacinas contra o cancro podem, “sem dúvida”, vir a ser uma arma importante na luta contra a doença.
“Os resultados até agora obtidos na profilaxia de cancro causado pelo vírus do papiloma humano (HPV), como o do colo do útero, evidenciam o sucesso das vacinas anti-tumorais a nível profilático”, frisa.
Sofia Gameiro sublinha ainda que “existe também um enorme esforço em termos de estudos pré-clínicos e clínicos no desenvolvimento de vacinas terapêuticas”, ou seja, que possam “aumentar a eficácia do sistema imunitário do doente oncológico para combater o cancro já existente”.
A investigadora acredita, por isso, que nos próximos anos, haverá notícias positivas nesta área. “Em 2010 foi aprovada nos EUA a primeira – e única até a data – vacina terapêutica contra o cancro, neste caso, contra o tumor da próstata. Muitas outras estão em amplo desenvolvimento clínico, pelo que, na próxima década esperam-se avanços significativos nesta área.”
Formada em Ciências Farmacêuticas
Natural da freguesia de Urqueira, concelho de Ourém, Sofia Gameiro é licenciada em Farmácia pela Universidade de Coimbra, onde fez também mestrado em tecnologias farmacêuticas.
Em 2000, mudou-se para os EUA para se doutorar em ciências farmacêuticas pela Universidade de Buffalo (Nova Iorque) acabando por ficar.
Na instituição desempenhou funções de professora assistente e de investigadora no Departamento de Ciências Farmacêuticas. Presentemente, coordena o grupo de imunomodulação do Center for Cancer/Nacional Cancer Institute.