As gentes da região de Leiria estão uma vez mais a demonstrar um grande espírito solidário. Desta vez, é a recém-formada Associação Abraçar São Tomé e Príncipe que está a mobilizar esforços, a enviar materiais e braços para apoiar aquela população em várias frentes, seja na educação, na alimentação ou na saúde.
A responsabilidade deste projecto deve-se a Nuno Rodrigues, padre de Leiria, que em 2018, acompanhado por uma equipa de 12 voluntários, participou numa missão na cidade das Neves (distrito de Lembá), onde auxiliou um grupo de irmãs franciscanas. “Associámo-nos à construção de uma cantina e de um refeitório social, que passou a garantir uma refeição diária a 1600 crianças”, recorda Nuno Rodrigues.
No entanto, explica o padre, na medida em que são muitas as carências desta população, os voluntários sentiram necessidade de se organizar melhor, para oferecer maiores respostas à comunidade. E assim viria a constituir-se a Associação Abraçar São Tomé e Príncipe, em Junho de 2020, organização não governamental que está a trabalhar sobretudo com este território, mas que visa estender a sua ajuda a outros Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
Nuno Rodrigues, vice-presidente da ONG – a Abraçar São Tomé e Príncipe é presidida por Catarina Fontainhas – inumera as diferentes conquistas já alcançadas pela associação. Entre elas está o apadrinhamento de mais de uma centena de crianças, com o apoio anual de 120 euros a cada menino. A chegada da Covid-19 originou uma ruptura de alimentos, pelo que o envio de 70 toneladas de produtos alimentares foi outra das iniciativas levadas a cabo pelo organização.
Paralelamente, foi criado um fundo de emergência, de 35 mil euros, que permitiu [LER_MAIS]que a cantina social não encerrasse. No campo da educação, o apoio da ONG traduziu-se na construção de uma sala multiusos e de um infantário com brinquedos, que serve 600 crianças. Ainda na área educativa, porque a pandemia veio impor novas regras de distanciamento social, mostrou se imperiosa a divisão das turmas de 60 alunos, o que tornou os estabelecimentos insuficientes.
A ONG arregaçou as mangas e hoje, dia 1 de Novembro, será colocada a primeira pedra de uma nova escola (ver caixa). Em Leiria e Ourém, grande parte da mobilização da comunidade está a ser assegurada por Silvino Silva, construtor civil, que muitas empresas locais tem sensibilizado para esta iniciativa.
O objectivo, expõe Nuno Rodrigues, é que a nova escola entre em funcionamento no próximo ano lectivo. A actividade da ONG tem vindo ainda a dinamizar a saúde na cidade das Neves, com a criação da primeira clínica dentária, onde trabalham também médicos voluntários.
E no campo da formação, destaca-se ainda o trabalho formativo desenvolvido junto de professores, educadores de infância, cozinheiras e tarefeiras, conta Nuno Rodrigues.
O número
350
Este domingo, dia 1 de Novembro, a Associação Abraçar São Tomé e Príncipe leva a cabo a colocação simbólica da pedra de uma nova escola a nascer na cidade das Neves, estabelecimento que servirá 350 crianças. O edifício integrará dez salas de aula, quatro salas de apoio e bloco de casas-de-banho, um investimento de 130 mil euros, que conta com fundos angariados em Portugal.