A Dimera, tecnológica incubada na Startup Leiria e especializada no desenvolvimento de materiais sustentáveis e inovadores com recurso a Inteligência Artificial e nanoengenharia, venceu a categoria Iniciativas Inovadoras da VII edição dos Prémios Mares Circulares.
A empresa, fundada em Outubro, concorreu com uma ideia que funciona como demonstração de produto e que propõe o uso de nanotubos para combater a poluição com microplásticos.
“Muitas das abordagens, neste momento, agem ao nível de macroplásticos, como garrafas ou embalagens, porque são visíveis, mas é dada pouca atenção aos microplásticos e aos nanoplásticos, que trazem muitos problemas ao entrar na cadeia alimentar, com impactos ambientais e na saúde humana desconhecidos”, explica Ana Pires, CEO da startup e especialista na área da sustentabilidade.
[LER_MAIS][LER_MAIS]Integram a equipa os especialistas Cátia Guarda, na área da Química, e João Caseiro, na Inteligência Artificial (IA) e Engenharia Mecânica.
Para chegar à ideia que foi alvo da avaliação da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e da Coca-Cola, promotores do galardão, a equipa da Dimera estudou ensaios laboratoriais da literatura com aplicação de nanotubos, cujas propriedades mecânicas e hidrofóbicas permitiam adsorver [adesão de moléculas de um fluído a uma superfície sólida] e remover da água da água os microplásticos.
A ideia de criar a startup surgiu após a identificação da ausência de soluções que acelerassem o desenvolvimento de novos materiais e respondessem a desafios nas áreas do automóvel e da construção e que, em simultâneo, fossem ambientalmente sustentáveis.
A equipa apercebeu-se de que seria possível empregar IA e engenharia para acelerar o desenvolvimento de materiais.
O foco da Dimera é chegar a mercados mundiais e impulsionar o desenvolvimento de ferramentas direccionadas ou feitas à medida do cliente, para que ele possa, sozinho ou com o apoio da Dimera, desenvolver materiais e produtos.
“A primeira grande dificuldade foi transmitir aos potenciais clientes aquilo que temos: conhecimento e competências. Tivemos de vender uma ideia, um conceito, e não uma coisa palpável”, conta Cátia Guarda.
A solução foi a abordagem dos temas de uma forma mais simples e apresentando ideias concretas, como a tecnologia ambiental para remoção de microplásticos que foi agora premiada.
Já João Caseiro recorda que as empresas geram muitos dados, mas têm dificuldade em saber o que fazer com eles.
“Falta a análise e tomada de decisão mais informada com base nesses dados. Em média, o desenvolvimento de novos materiais pode demorar entre dez a 30 anos, mas podemos utilizar a IA para acelerar o processo e reduzir a pegada carbónica”, garante.
“Podemos avaliar o ciclo de vida dos materiais e criar métricas de circularidade. Podemos ajudar as empresas a prepararem-se para quando surgir legislação mais apertada, devido ao Plano Poluição Zero ou ao Pacto Ecológico Europeu. Podemos dar um contributo nas áreas da construção, da embalagem, dos moldes e plásticos, da cosmética, dos químicos, com materiais mais sustentáveis e avançados”, resumem.