Primeiro, o investimento. Quando, há cinco anos, decidiram transformar o antigo Beat na actual Stereogun, os proprietários do novo negócio não fugiram a esforços para proporcionar a melhor experiência. Equipamento, isolamento acústico… do chão ao tecto, uma reconstrução total, ao jeito extreme makeover. O resultado é “um som de excelência”, resume Carlos Matos, DJ e co-programador do número 168 da Rua Mouzinho de Albuquerque. “Limpo, potente e não fere”.
Com o cenário devidamente preparado, começou a instalar-se uma nova proposta na noite de Leiria. “É um complemento da minha personalidade, daquilo que sou”, comenta Bruno Rosas, um dos donos da sala de espectáculos. Os sets de música electrónica na Stereogun – mais frequentes depois da pandemia – têm contado com alguns dos melhores DJ’s portugueses e também, regularmente, nomes do circuito internacional.
Na agenda já divulgada para o mês de Setembro, estão anunciadas sessões dinamizadas por DJ’s com raízes na Alemanha (Manrick Stapez), Suécia (Hana Fideli) e Argentina (Störung), além de Portugal (Biia). No regresso após as férias de Verão, o clube nocturno já recebeu Ayako Mori (do Japão), Arzadous (de Espanha) e, no contexto do 12.º Festival Extramuralhas, Eskil Simonsson (Suécia), Melanie Havens (Alemanha) e Lith Li (Espanha).
Ao longo de cinco anos, são dezenas de DJ’s estrangeiros. “Quase uma centena”, segundo Frederico Montes, co-programador e DJ residente, que destaca dois nomes: a alemã Caiva e a portuguesa Biia, que considera “a DJ de techno mais importante a nível nacional”.
Bruno Rosas admite que hoje “a Stereogun enche mais facilmente” com música electrónica. E a ambição passa por “todos os meses ter artistas internacionais”, acrescenta Frederico Montes. As sessões mais concorridas são as noites Techno Bunker e Strictly Techno. A programação “está ao nível de Lisboa e do Porto”, acredita. Implica “estar atento ao que está a acontecer”, em “constante procura”, conseguir DJ’s consagrados e ao mesmo tempo “dar palco aos emergentes”. E diversificar as sonoridades, com mais EBM e industrial, por exemplo, além do techno e do house. “Estamos a tentar mostrar o que se passa lá fora, coisa que não se fazia muito em Leiria”, esclarece. O objectivo, a prazo, passa por “fazer uma casa de culto”. E a inspiração também vem do exterior e do centro da Europa. Especificamente, de Berlim.
Espaço para o rock
Entretanto, a par dos géneros e subgéneros da música electrónica, continua a existir espaço para os géneros e subgéneros do rock, lembra Carlos Matos, que na Stereogun mantém o ciclo Unknown Pleasures Nights.
Os concertos ainda atraem nomes nacionais e internacionais bem conhecidos à sala de espectáculos – incluindo, em Novembro último, os Anvil, lendas do metal com origem no Canadá. No próximo mês regressa o Monitor, dedicado ao post-punk e minimal wave, está também contratada uma “grande banda portuguesa”, mantêm-se activas as parcerias com os festivais A Porta, Extramuralhas, Clap Your Hands ou Super Bock Super Nova e as apresentações ao vivo acontecem com regularidade.
O que a Stereogun traz de novo é, segundo Carlos Matos, um “conceito renovado, virado para o futuro”. Trata-se de acompanhar “os sinais dos tempos”, visíveis, por exemplo, nos cartazes dos mais mediáticos eventos de Verão.
“Começou a aparecer uma franja de jovens que não saíam antes da pandemia e que depois da pandemia são jovens de 21 anos que estão na flor da idade e são influenciados por uma nova estética de clubbing”, explica. “Vêm ávidos de consumir modernidade”, o que “passa por um cruzamento da música electrónica com outras vertentes”.
Os cinco anos assinalados em Abril deste ano são apenas um capítulo. A história da Stereogun está aí para ser escrita e ainda há projectos por consolidar. Entre eles, a afirmação como incubadora de novos talentos.