O espectáculo de dança Pantera, pela companhia Clara Andermatt, com a participação especial da cantora Mayra Andrade, e um concerto de Rodrigo Leão com Sónia Tavares, a Orquestra Sinfonieta e o Coro do Orfeão de Leiria, são os destaques da programação para 2022 apresentada esta tarde pelo director do Teatro José Lúcio da Silva, José Pires, numa conferência de imprensa em que também esteve a vereadora da Cultura do município de Leiria, Anabela Graça.
O orçamento do Teatro José Lúcio da Silva (TJLS) destinado a programação em 2022 – quase 566 mil euros – é o maior de sempre e triplica a verba disponível no ano anterior. Para este aumento contribui o financiamento obtido junto da Rede de Teatros e Cine-Teatros Portugueses (RTCP), através de uma candidatura que garante 200 mil euros por ano durante quatro anos, até 2025, no total de 800 mil euros, a que o município de Leiria junta outros 800 mil euros.
No distrito de Leiria, o TJLS é o único equipamento contemplado pela RTCP, já que as candidaturas do Teatro Miguel Franco (em Leiria) e do CCC (em Caldas da Rainha) foram rejeitadas.
O financiamento obtido junto da Direcção-Geral das Artes, através da RTCP, permite encomendas (o TJLS será co-produtor em 20 projectos), reforço de residências artísticas, apoio à comunidade artística de Leiria, circulação de projectos locais fora de Leiria e programação fora de portas e em espaços não convencionais na cidade, como bares, restaurantes, o Castelo de Leiria ou a Praça Rodrigues Lobo.
José Pires anunciou também um concerto de Mário Lúcio (antigo ministro da Cultura de Cabo Verde) com a Associação de Filarmónicas do Concelho de Leiria, o espectáculo de dança Os Três Irmãos, com direcção artística de Victor Hugo Pontes a partir de um texto de Gonçalo M. Tavares, e o projecto Território V, produção dos estúdios Vítor Cordon, além da coreografia Anda, Diana, com a bailarina e acrobata Diana Niepce, que sofreu uma lesão medular.
Outros momentos previstos são Drácula, pensado para o Castelo, Água, a realizar na Praça Rodrigues Lobo com água do rio Lis, O Anel do Unicórnio, da leiriense Ana Lázaro, Bradley, com pintura ao vivo, e Jouska, pela companhia de dança Vórtice, a ópera Cavalleria Rusticana, também no Castelo, o Globo de Saramago 1993 pelo Leirena Teatro e Memorial do Convento pela companhia Dança em Diálogos, dois espectáculos que assinalam o centenário de José Saramago, a peça Futebol pelo Teatro O Bando com o Teatro do Montemuro, o novo circo em Hamster Clown, do encenador Ricardo Neves-Neves com o performer e clown Rui Paixão, e Une Partie de Soi, por João Paulo Santos, Montanha Russa, de Inês Barahona e Miguel Fragata (Formiga Atómica), Mutabilia, do Teatro do Mar, outro momento de novo circo, dirigido por Julieta Aurora Santos, e as peças de teatro Passagem Secreta, de Fernando Mota, e Vida de Artistas, pelos Artistas Unidos.
O projecto hoje apresentado, que decorre da candidatura no âmbito da RTCP, envolve também várias parcerias com outras entidades: 23 Milhas, Teatro Aveirense, Teatro Virgínia, Theatro Circo, Pax Julia e o festival DDD – Dias da Dança que virá a Leiria através da extensão DD Links.
Prevê, por outro lado, a afectação de 145 mil euros a artistas e estruturas locais, que incluem a apresentação de um instrumento virtual pelo projecto Sonic Motion, de engenheiros de som de Leiria, uma exposição de Tiago Baptista, artista plástico que também vai estar em residência artística, concertos da Orquestra Jazz de Leiria, espectáculos dos festivais Acaso, Metadança, Extramuralhas, Transforma e do Ciclo de Música Exploratória Portuguesa, um evento de wrestling literário, novas criações da associação Caos e da companhia de teatro Leirena com a Filarmonia das Beiras, conversas no Café do Saber, um concerto de João Costa Ferreira sobre a obra de Viana da Motta, espectáculos do Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez e ainda conceitos a desenvolver pela Associação das Filarmónicas do Concelho de Leiria e pela Omnichord.
O objectivo é atingir em 2022 mais de 150 mil espectadores e mais de 200 acções (entre residências, acolhimentos, coproduções originais e cinema).
A candidatura do TJLS abrange ainda apoio a criações emergentes, programação participativa e concertada selecionada pela comunidade, espectáculos relacionados com o desporto e com a Leiria Cidade Europeia do Desporto 2022, a mediação de públicos, a articulação com as escolas e a ligação às famílias.
“Vamos ter o melhor de dois mundos: a [programação] possível e a desejável”, diz José Pires, assegurando que os espectadores do TJLS “vão passar a ter acesso a outros conteúdos que de outra forma não teriam neste contexto, neste espaço, neste território”.
Para a vereadora Anabela Graça, trata-se de uma viragem “ao nível da criação, com residências artísticas”, e, por outro lado, na formação de públicos, que permitirá envolver os jovens “no palco” ou “na preparação do que está acontecer no palco”. Um exemplo é a participação de alunos dos três conservatórios de música do concelho numa ópera com músicos profissionais.
“É esse salto qualitativo que queremos dar”, refere Anabela Graça, que destaca ainda o aumento da qualidade e da diversidade da oferta no TJLS. “Algo que iam ver fora”, os espectadores vão “ver cá”, em 2022, com “um leque de escolhas muito maior, mais alargado” e espectáculos “que à partida não iam acontecer” em Leiria e “vão acontecer agora”.
* Actualização às 20:24 horas para corrigir a informação sobre o projecto Território V, que é uma produção dos estúdios Victor Cordon