Leiria está entre os primeiros municípios do País a retomar a actividade das salas de espectáculos, autorizada pelo Governo desde 1 de Junho.
Logo na segunda-feira, o Teatro Miguel Franco recebeu a peça O Principezinho, pela companhia O Nariz, com os actores Pedro Oliveira e Francisca Passos Vella a pisarem o palco diante de 25 espectadores.
Já o músico Sean Riley (Afonso Rodrigues) é o escolhido para a reabertura ao público do Teatro José Lúcio da Silva, que acontece amanhã, pelas 21:30 horas. Serão admitidas 300 a 350 pessoas, dependendo do número de coabitantes.
Mais de três meses depois do último concerto, Afonso Rodrigues prepara-se para um regresso que considera “superimportante”, por transmitir “um sinal positivo” para o futuro.
“Pela mensagem de esperança, de optimismo, de aposta na cultura”, afirma ao JORNAL DE LEIRIA.
Vai estar sozinho, voz e guitarra, apoiado sobretudo nas canções do primeiro disco a solo, California, gravado em quartos de hotel nos Estados Unidos durante uma viagem com Paulo Furtado (The Legendary Tigerman).
Depois de um confinamento em que se colocou fora da pandemia de lives nas redes sociais, excepto a 20 de Março, no Festival Eu Fico Em Casa, Afonso Rodrigues reencontra o registo que o faz sentir-se “mais em comunhão” com a música.
“O momento do palco é um momento de entrega”, explica, satisfeito por voltar ao lugar onde tudo faz sentido. “É importante podermos fazer aquilo que gostamos, em segurança. É animador”.
E desta vez o convívio com os fãs acontece na cidade em que cresceu e mantém amizades.
Afonso Rodrigues está optimista e convencido que o sector da cultura vai cruzar-se com a normalidade na estrada, mais tarde ou mais cedo. Mas não esquece os artistas e técnicos mais afectados pela paragem. “O que sei, factualmente, é que há pessoas em dificuldades extremas, há pessoas a passar muito mal”.
Os 30 minutos de espectáculo – bilhetes a 5 euros, com aquisição online disponível – têm transmissão gratuita e em directo no Facebook do Teatro José Lúcio da Silva.
De acordo com as regras definidas em Conselho de Ministros, “os lugares ocupados devem ter um lugar de intervalo entre espectadores que não sejam coabitantes, sendo que na fila seguinte os lugares ocupados devem ficar desencontrados”.
Além do concerto de Sean Riley, em Junho e Julho “estão previstos alguns espectáculos do festival de teatro Sinopse [co-organizado com o Te-Ato], de forma a darmos vida ao palco”, adianta o director artístico e financeiro do Teatro José Lúcio da Silva, José Pires.
Na música, a 20 de Junho, há um nome nacional a actuar em Leiria.
No Teatro Miguel Franco, o programa da Semana das Crianças, organizado pelo Município, incluiu, logo na segunda e terça-feira, 1 e 2 de Junho, três representações da peça O Principezinho, cada qual para 25 pessoas, cerca de um quarto da capacidade da sala.
Já lá vão 35 anos desde o primeiro papel de Pedro Oliveira como profissional no teatro, mas o actor da companhia O Nariz assegura que “não vai esquecer” o que aconteceu nos últimos dias. Momentos que “ficam registados por vários motivos, pelo isolamento que as pessoas têm tido, toda a malta das artes de palco, a quantidade de pessoas, nossos colegas e camaradas de profissão que estão a passar mal pelo País fora, muito mal, pessoas que têm de ser ajudadas com comida pelos colegas”, refere ao JORNAL DE LEIRIA.
E, também, pela “oportunidade singular de podermos recomeçar a trabalhar num palco de eleição aqui em Leiria e voltar a ver os técnicos, as pessoas que trabalham ali e um público, é uma coisa que vai ficar na nossa memória e do público, desde os mais pequenos até aos mais velhos”, conclui.
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Em Caldas da Rainha, o Teatro da Rainha também está entre os primeiros a reabrir as portas ao público. Na terça-feira, 2 de Junho, 30 pessoas esgotaram a nova capacidade da sala-estúdio para uma sessão do ciclo Diga 33 com Henrique Manuel Bento Fialho. Uma conversa à volta da colecção de peças de teatro que a companhia tem vindo a editar em texto.
“Um regresso ao teatro e a um conjunto de autores que são do nosso afecto”, afirma o encenador Fernando Mora Ramos. “Um acto de afirmação identitária”.
A última actuação do Teatro da Rainha aconteceu em Espanha, “dois ou três dias” antes do encerramento da fronteira com Portugal. Para um actor, não ter palco “é como um nadador não ter água para nadar”, descreve Fernando Mora Ramos.
A companhia vai estrear uma nova produção, Discurso do Filho da Puta, adaptação do texto de Alberto Pimenta, no próximo dia 24 de Junho.
Livrarias, arquivos e bibliotecas puderam reabrir a 1 de Maio; museus, palácios e monumentos desde 18 de Maio; e, na passada segunda-feira, 1 de Junho, luz verde para cinemas, teatros, salas de espectáculos e eventos ao ar livre.
As novas regras implicam, por exemplo, que mesmo no exterior a distância mínima entre espectadores é de 1,5 metros.
Na cidade de Leiria, as salas Cineplace e Cinema City continuavam ontem encerradas.