A minha última startup, ligada à criação industrial de melros, cucos e estorninhos para consumo massificado (“elevagem”, para as gentes de Soure), em alternativa aos galináceos como fonte proteica, voltou uma vez mais a não ser apoiada pelas autoridades ditas competentes.
A ligação que muito recentemente estabeleci com os Palitos de Lorvão não foi suficiente para convencer a sociedade financiadora, que uma vez mais não acolheu a minha ideia.
Em 2014 propus um projeto muito semelhante, mas então centrado em pombos e tordos. Ambas as abordagens foram coartadas, inviabilizando belíssimos projetos de empreendedorismo avícola, onde porventura poderia até vir a empregar algumas pessoas.
Não é de agora que sofro com o bullying que me vem sendo aplicado pelo lobby suíno, e sei que dificilmente alguém me proverá o crédito requerido de 2200 euros para gaiolas e alimentação. Facilmente se conclui que nestas paragens sem porcos não há startups.
Como a vingança sempre me aguçou o engenho, e aproveitando a temporada das matanças que já se aproxima, revi rapidamente o meu projeto seguindo o lema conhecido nos Milagres: 'Ano novo, porco novo'.
Assim, na rentrée 2016 farei o meu habitual périplo, inspirado no simpático 'dia do bolinho' (ainda que no meu caso, todos os dias sejam 'dias de bolinho'), reclamando dádivas junto das casas onde se acabam de abater as reses. Facilmente arranjo uma ou duas orelhas, um par de costeletas, uma língua, ou uma chouriça. Congelarei as vitualhas que não coloco na salgadeira (e que geralmente me dão até setembro), e com o auxílio de um espiralizador no qual acabo de investir 28 euros, transformo em bonitas massas peças menos nobres do porco, que depois espero vender porta-a-porta e em alguns talhos já selecionados.
A campanha de lançamento deste delicioso esparguete iniciar-se-á, assim o autorizem as autoridades ditas competentes, no réveillon da Malafaia, com a presença sexy e bonita de Luciana Abreu por esses dias em digressão pelo baixo Cávado.
*Investigador